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terça-feira, 23/09/2025

haddad critica tarifas dos eua e vê oportunidade para reformas no brasil

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ANA PAULA BRANCO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a decisão dos Estados Unidos de aumentar tarifas sobre produtos brasileiros, especialmente commodities, é um erro grave que prejudica o consumidor americano ao encarecer alimentos do dia a dia.

Haddad considerou a ação americana como uma interferência indevida e inadequada.

O ministro ressaltou que essa disputa comercial é uma chance para o Brasil avançar com reformas importantes. “É um momento favorável para enfrentar desafios que antes não encaramos”, declarou em entrevista ao canal ICL no YouTube, nesta terça-feira (23).

Segundo Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi surpreendido pela queda nas exportações, mas o governo agiu rapidamente com um plano que oferece apoio especial via BNDES para as empresas afetadas.

Ele explicou que mais da metade das commodities afetadas já foram direcionadas para outros mercados, e que dois terços das exportações brasileiras permanecem isentas das sanções. Destacou o esforço do presidente Lula em negociar a realocação das exportações e garantiu que a qualidade dos produtos brasileiros facilitará encontrar novos compradores.

Haddad frisou que essa questão está sob a responsabilidade da Justiça brasileira, não do Executivo. Ele afirmou que a decisão dos EUA não tem fundamento político ou econômico e deve ser baseada em desinformação.

REFORMAS E COMBATE À DESIGUALDADE

Haddad compartilha a visão de que crises abrem caminho para mudanças. Segundo ele, o Brasil está aproveitando o momento para fazer a maior reforma tributária da história e corrigir desigualdades que beneficiam os mais ricos por meio de disputas legais contra o Estado.

Ele destacou avanços como a digitalização do sistema e simplificação das regras, que ajudam a reduzir as diferenças sociais.

O ponto principal na agenda econômica é a reforma do Imposto de Renda. Haddad acredita que o aumento da faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000 será aprovado pelo presidente Lula em outubro. Isso vai aliviar o imposto para 20 milhões de brasileiros até o final do mandato.

A nova atualização deve beneficiar mais 10 milhões de pessoas.

“Este será o Ministério da Fazenda que mais concedeu isenções na história do país”, afirmou Haddad. O impacto será sentido no dia a dia da população, especialmente no contracheque.

Ele explicou que o desafio agora é aprovar a compensação fiscal, que pretende ser financiada com a taxação dos mais ricos, que devem pagar cerca de R$ 30 bilhões.

“É a primeira vez que o Estado brasileiro realmente começa a atacar a desigualdade por meio dos impostos”, disse o ministro, citando que a taxa atual para quem recebe rendimentos de capital é de 2%, e a proposta é aumentar para 10%.

Apesar de a tributação ainda ser menor que em outros países, onde os ricos pagam cerca de 40%, Haddad vê essa medida como uma revolução no sistema.

“Isso vai abrir espaço para a sociedade discutir justiça tributária”, declarou.

O ministro lembrou que o Brasil está entre os países com pior distribuição de renda do mundo. A mudança na tabela do IR faz parte de um pacote para reduzir falhas no sistema tributário que penaliza o consumo e beneficia a renda.

Haddad afirmou que a maior falha do sistema é cobrar mais do pobre pelo consumo e quase nada do rico no imposto de renda.

Ele destacou que a renda dos trabalhadores subiu 18% acima da inflação nos últimos três anos, o maior aumento desde o Plano Real, e que programas sociais importantes foram retomados.

“Não é possível pensar em desenvolvimento com tanta desigualdade”, concluiu Haddad.

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