GABRIELA CECCHIN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta terça-feira (7) que tentará marcar uma reunião com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, ainda nesta semana. Haddad cumprirá sua agenda de encontros de outono nos EUA durante outubro, que inclui reuniões no G20, Banco Mundial e FMI (Fundo Monetário Internacional).
“Pode ser que encontremos uma oportunidade para conversar com Scott Bessent“, afirmou durante entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, no Canal Gov. “Devo até o fim da semana tentar confirmar interesse e disponibilidade.”
Haddad explicou que primeiro verificará se Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA designado pelo presidente Donald Trump para continuar negociações com autoridades brasileiras, deseja tratar do assunto antes com Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil.
Na segunda-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump conversaram por telefone sobre temas comerciais. Lula solicitou a retirada das altas tarifas no primeiro contato direto desde breve conversa na Assembleia Geral da ONU.
Segundo Haddad, os presidentes querem superar o distanciamento causado por divergências ideológicas. “Brasil e Estados Unidos têm uma longa história de cooperação e devem manter essa relação”, afirmou o ministro.
Ele ressaltou que as tarifas elevadas contra o Brasil têm motivações políticas, não econômicas. Durante a ligação, Lula afirmou a Trump que cada país tem soberania para definir suas políticas econômicas, desde que respeitem regras internacionais.
Os argumentos brasileiros para a retirada das tarifas incluem que os EUA estão sofrendo mais com as tarifas, já que o preço do café subiu e alguns setores industriais estão prejudicados.
Haddad também destacou que o Brasil é um dos poucos países do G20 com superávit comercial com os EUA, junto com Austrália e Inglaterra. A América do Sul tem relação comercial deficitária com os EUA, representando potencial de investimento, especialmente em recursos naturais estratégicos e energia limpa.
Ele afirmou que o governo brasileiro manterá sua estratégia de negociação, confiando na diplomacia brasileira, considerada uma das melhores do mundo.
Haddad enfatizou a importância da diversificação das exportações para reduzir dependência dos EUA, citando acordos com Indonésia e União Europeia.
Embora o ministro acredite que o tarifaço terá impacto macroeconômico limitado, ele reconhece que afetará algumas empresas, por isso o governo criou o Plano Brasil Soberano.
Sobre o Imposto de Renda, Haddad espera aprovação da proposta no Senado ainda em outubro, destacando o trabalho inovador que levou cerca de um ano.
A respeito da Medida Provisória 1303, que aumenta impostos, Haddad indicou abertura para negociação durante votação e acredita que a MP não expirará nesta quarta-feira (8).
Por fim, sobre a COP 30, que ocorrerá em novembro em Belém (PA), o ministro mencionou que a principal contribuição do Brasil será o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).