O grupo português Mota-Engil, que conta com participação da empresa chinesa China Communications Construction Company (CCCC), venceu o leilão para construir o túnel ligando Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo.
O leilão aconteceu na B3, Bolsa de Valores de São Paulo, e contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, dos ministros Fernando Haddad, Márcio França, Silvio Costa Filho e do governador Tarcísio de Freitas, além de outros representantes públicos.
A proposta vencedora ofereceu um desconto de 0,50%, superando o grupo espanhol Acciona, que não ofereceu desconto.
O critério do leilão premiou a oferta com maior desconto sobre o valor máximo de pagamento público, que é de R$ 438,3 milhões por ano.
A empresa que ganhará a concessão ficará responsável pela construção, operação e manutenção do túnel durante 30 anos.
O investimento total estimado é de R$ 6,8 bilhões, com aporte público de até R$ 5,14 bilhões, dividido igualmente entre o governo estadual e federal. O restante virá da iniciativa privada.
Protesto
Durante a realização do leilão, manifestantes protestaram na frente da B3, preocupados com as desapropriações causadas pela obra.
José Santaella, representante da Associação Comunitária do Macuco em Santos, pediu um processo de desapropriação justo e digno, ressaltando que cerca de 200 famílias podem ser afetadas.
Ele destacou a necessidade de atuação do Estado para garantir documentação rápida e avaliação dos imóveis, para evitar a expulsão da comunidade local.
Pedido de suspensão
Na véspera, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas rejeitou o pedido do Ministério Público para suspender o leilão, que questionava favorecimento a grupos estrangeiros e restrição a empresas brasileiras.
O ministro afirmou que não havia provas concretas de irregularidades e que questões financeiras não configuram falhas no edital.
O túnel
O túnel Santos-Guarujá é a maior obra do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e será a primeira travessia submersa do país, com 1,5 km de extensão.
Dos 1,5 km, 870 metros serão submersos, com módulos de concreto pré-moldados instalados no fundo do canal portuário.
O projeto inclui três faixas de rolamento em cada direção, uma adaptada para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de ciclovia, espaço para pedestres e uma galeria de serviços.
Já possui licença ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), concedida em agosto de 2025.
Atualmente, a travessia entre Santos e Guarujá é feita pela Rodovia Cônego Domênico Rangoni (43 km, 60 minutos) ou por balsas, com variação de tempo entre 18 e 60 minutos.
Diariamente, mais de 21 mil veículos, 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres utilizam as embarcações.
Com o novo túnel, a travessia deve levar menos de cinco minutos.
Além de diminuir o tempo de deslocamento, o túnel ligará bairros importantes das duas cidades, irá reduzir o tráfego na rodovia, impulsionar o turismo, fortalecer a economia local e ajudar a reduzir a poluição, incentivando meios de transporte mais sustentáveis.