A agência anticorrupção da Ucrânia comunicou nesta sexta-feira (28/11) que está realizando buscas na residência de Andriy Yermak, chefe de gabinete e braço direito do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Em uma mensagem no Telegram, Yermak confirmou que as diligências estavam em curso, garantindo sua total cooperação.
Segundo o Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) e o Escritório do Procurador Especializado Anticorrupção (SAPO), as buscas foram legalmente autorizadas e fazem parte de uma investigação em andamento, sem maiores detalhes divulgados.
Desde o início de novembro, os órgãos responsáveis investigam desvio de aproximadamente 100 milhões de dólares na empresa estatal de energia nuclear Energoatom. A investigação envolve ex-funcionários e um antigo parceiro de Zelensky, Timour Minditch, que foi codiretor da produtora Kvartal 95, produtora da série humorística protagonizada por Zelensky antes de seu mandato presidencial.
Minditch está sob sanções financeiras impostas pelo governo e é suspeito de liderar um esquema de pagamento de propinas. Ele teria exigido que funcionários terceirizados da Energoatom pagassem para manter seus contratos. O escritório anticorrupção aponta que Minditch usou sua proximidade com o presidente para facilitar suas ações ilegais.
O ministro da Justiça e ex-ministro da Energia, German Galushchenko, também está sob suspeita e foi afastado em 12 de novembro.
Implicações políticas e negociações
As novas apurações podem aumentar a tensão política dentro da Ucrânia, em um momento delicado para o país. Embora Yermak não tenha sido formalmente acusado, membros da oposição e parte do partido do presidente pedem sua saída do cargo.
A investigação também pode prejudicar a credibilidade de Zelensky diante de aliados internacionais, momento em que busca fortalecer apoio financeiro e militar contra a Rússia.
O governo está analisando uma proposta de paz de 28 pontos apresentada pelos Estados Unidos, que inclui a possível cessão de territórios aos russos. Yermak é o principal negociador desse processo.
O presidente ucraniano deve retornar em breve aos Estados Unidos para reuniões com o presidente Donald Trump, que pode utilizar as acusações de corrupção como argumento para pressionar Zelensky a aceitar os termos do acordo.