Trabalhadores protestam contra retirada de vigilantes e pedem reajuste salarial e benefícios. Houve mutirões no fim de semana para normalizar entregas.
Em greve há seis dias, os funcionários dos Correios de Brasília decidiram manter adesão parcial à paralisação nesta segunda-feira (24). Parte das agências funcionam, mas nem todos os atendentes e carteiros trabalham. Com isso, as encomendas demoram mais a ser entregues, informou o sindicato da categoria. Os Correios disseram já ter apresentado proposta para o fim da greve e afirmam aguardar decisão das assembleias.
A greve ocorre em pelo menos mais 21 estados, de acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). A paralisação nacional também é parcial, com redução de funcionários nas agências, e afeta principalmente a área de distribuição.
Os servidores pedem reajuste salarial de 8% e protestam contra o fechamento de agências, demora na realização de concursos, reduções em licenças e mudanças que podem encarecer o plano de saúde dos funcionários. A presidente do Sindicato dos Tabalhadores dos Correios e Telegrafos do DF, Amanda Corcino, afirma que espera uma nova proposta dos Correios nesta terça (26) que a categoria possa encerrar a greve.
Dados divulgados pelos Correios na última sexta (22) mostram que 84% do efetivo estava trabalhando em Brasília – o que corresponde a 4.610 empregados. Para conter os impactos na entrega de encomendas e correspondências, os Correios realizaram mutirões no fim de semana.
Os trabalhadores também reinvindicam a reintegração dos vigilantes. Segundo eles, os vigilantes começaram a ser retirados das agências do DF no fim de agosto. A carteira Jéssica Santos afirma que a sensação de insegurança aumentou.
“Quem trabalha com a parte de encomendas enfrenta muitos assaltos. Nas agências, os trabalhadores ficam com medo porque a gente trabalha com valores.”
Outro lado
Por nota, a assessoria dos Correios afirmou que já apresentou proposta de reajuste de 3% nos salários e benefícios a partir do mês de janeiro de 2018 e espera deliberação das assembleias.
Também afirma que a Fentect iniciou a paralisação antes do fim das negociações, atitude que “coloca em risco não apenas a qualidade dos serviços prestados pelos Correios aos clientes e à população brasileira, mas também prejudica o esforço de todos os empregados que, ao longo deste ano, trabalharam para reverter a situação financeira da empresa”.
De acordo com a estatal, a rede de atendimento está aberta em todo o país. Todos os serviços, inclusive o Sedex e o PAC, afirma, continuam sendo postados e entregues em todos os municípios do país, sem exceções.
Os serviços com hora marcada (Sedex 10, Sedex 12, Sedex Hoje, Disque Coleta e Logística Reversa Domiciliária) estão com postagens suspensas para os seguintes destinos: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba e Piauí, e para as cidades de São José dos Campos (SP), Ribeirão Preto (SP), Campinas (SP) e São José do Rio Preto (SP).
Até a publicação, os Correios não haviam se manifestado sobre a perda de benefícios mencionada pelo Sintect-DF e a retirada de vigilantes.
Crise nos Correios
Os Correios colocaram em pauta algumas medidas para reduzir gastos e enfrentar a crise econômica vivida pela estatal. Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal.
Nesta quinta-feira (21), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que existe a possibilidade de privatizar os Correios, mas afirmou que ainda “não há uma decisão tomada”, já que “isso é uma coisa que tem que ser tratada com muito cuidado”.
Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa.
Os Correios anunciaram em março o fechamento de 250 agências, apenas em municípios com mais de 50 mil habitantes, além de uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos.
Em abril, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a demissão de servidores concursados vinha sendo estudada. Segundo ele, os Correios não têm condições de continuar arcando com sua atual folha de pagamento e contratou um estudo para calcular quantos servidores teriam que ser demitidos para que o gasto com a folha fosse ajustado.