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quarta-feira, 22/10/2025

Gravidez na adolescência precisa ser discutida nas igrejas, diz ministro

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Em Brasília

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou recentemente que para diminuir a desigualdade no Brasil e na América Latina, é essencial reduzir os casos de gravidez na adolescência. Ele destacou a necessidade de promover esse debate em alto nível político, além de levá-lo às escolas e aos espaços religiosos.

Segundo Padilha, não é possível enfrentar esse problema sem um diálogo profundo com as lideranças religiosas presentes nas comunidades. Durante um evento do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), em Brasília, ele enfatizou a importância de incluir as igrejas na discussão, considerando que nelas muitas vezes se encontram espaços de acolhimento para populações vulneráveis.

O Ministério da Saúde está reorganizando a atenção básica para que os profissionais possam atuar de forma mais próxima às comunidades, superando os desafios causados pela pandemia de covid-19.

“Não conseguiremos combater a gravidez na adolescência no Brasil sem entrar nas igrejas que muitas vezes ocultam o papel e a importância das mulheres”, destacou o ministro.

O evento “Futuro Sustentável – Prevenção da Gravidez na Adolescência na América Latina e Caribe” reuniu governos, organizações internacionais e especialistas para fortalecer políticas públicas focadas na redução da gravidez precoce.

Apesar da queda nas taxas na América Latina e no Caribe, a região ainda possui uma das maiores taxas de gravidez na adolescência do mundo. A cada 20 segundos, uma adolescente se torna mãe nessa área, totalizando cerca de 1,6 milhão de nascimentos por ano.

A UNFPA reforça que a gravidez na adolescência está muito ligada à pobreza, abandono escolar e desigualdade de gênero. No Brasil, 12% dos nascimentos são de mães adolescentes.

Padilha ressaltou que a gravidez precoce geralmente não é planejada, ocorrendo muitas vezes pela falta de acesso a informações, tecnologias e direitos básicos, como a proteção contra violência, que é uma das maiores causas desse fenômeno. Ele apontou os impactos negativos na vida das jovens e de seus filhos, como dificuldades econômicas, educacionais e de acesso à moradia e lazer.

Para o ministro, essa questão deve ser discutida nos mais altos níveis governamentais e sociais, pois os adolescentes muitas vezes não têm voz para reivindicar seus direitos.

“Os assuntos que impactam as mulheres chegam com força pelo movimento social, mas temas da adolescência frequentemente são negligenciados por interesses econômicos”, afirmou.

O governo brasileiro pretende levar essa pauta à reunião dos ministros do Mercosul, durante sua presidência do bloco sul-americano neste semestre.

Acesso facilitado

O ministro também comentou a importância de reorganizar serviços de saúde para criar espaços seguros para os adolescentes e facilitar seu acesso à saúde. Destacou a iniciativa da caderneta digital do adolescente e a inclusão do implante contraceptivo Implanon no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Precisamos reconhecer que vivemos em um século diferente, onde essa geração está muito à frente de nós”, explicou.

Em testes, o Implanon se mostrou a melhor opção para adolescentes. O ministério trabalha para ampliar o acesso, inclusive permitindo que enfermeiros realizem a colocação do implante na atenção básica.

Além disso, Padilha mencionou a possibilidade de cooperação para transferência de tecnologia e assistência técnica na América Latina, para garantir que todos os países tenham acesso sustentável a essas políticas, semelhante ao que foi feito na vacinação.

Ele concluiu destacando que, apesar da diversidade na América Latina, a região pode construir políticas públicas mais eficazes e rápidas para mudar a realidade da gravidez na adolescência.

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