NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
Com um novo clima de otimismo no setor de petróleo, após a concessão da licença para perfuração na bacia da Foz do Amazonas, o governo realizará nesta quarta-feira (22) o leilão de sete áreas para exploração e produção de petróleo no pré-sal.
Este é o leilão com maior número de interessados desde que o modelo atual para oferta de áreas petrolíferas foi criado, em 2022. A liberação da licença ambiental para a Petrobras na segunda-feira (20) pode aumentar o interesse das empresas.
Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), afirma que essa licença torna o leilão mais atrativo, mostrando que o Brasil planeja continuar incentivando a produção de petróleo.
As sete áreas cadastradas para o leilão pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) estão localizadas no polígono do pré-sal, região que fica diante do litoral Sudeste e possui as maiores reservas e campos produtores do país.
Originalmente, a ANP havia apresentado 13 áreas, porém somente as sete que receberam interesse serão leiloadas. Caso todas sejam vendidas, o governo pode arrecadar R$ 160 milhões em bônus de assinatura. Nesses leilões, o bônus é fixo e a área é concedida à empresa que oferecer o maior volume de petróleo para o governo.
Duas áreas localizadas na parte sul do polígono, próximas ao litoral paulista, estão entre as que serão leiloadas. Essa região inclui o bloco Bumerangue, onde a petrolífera britânica BP afirma ter feito sua maior descoberta em 25 anos.
As áreas Esmeralda e Ametista, com bônus de assinatura estimados em R$ 33,7 milhões e R$ 1 milhão respectivamente, são consideradas pela ANP como tendo alto potencial para novas descobertas.
Além dessas, o leilão inclui as áreas Jaspe, Citrino, Larimar, Ônix e Itaimbezinho. A área Jaspe possui o maior bônus do leilão, com R$ 52,2 milhões e um percentual mínimo de óleo-lucro de 16,72%, que representa a parte da produção que fica com a União após deduzir os custos.
Essa área está situada próxima de um bloco onde a Shell recentemente descobriu gás natural e que recebeu da Petrobras um pedido de direito de preferência, garantindo à estatal participação no projeto mesmo que não vença o leilão.
Pedro Zalán, geólogo da ZAG Consultoria, acredita que pelo menos cinco das sete áreas receberão ofertas. Ele espera competição entre empresas ou consórcios especialmente para os blocos de Ametista e Larimar, que considera os mais atraentes.
Além da Petrobras, estão habilitadas para o leilão grandes empresas internacionais como Chevron (EUA), Shell (Reino Unido), estatais chinesas Cnooc e Sinpec, Ecopetrol (Colômbia) e Qatar Energy (Qatar), assim como petroleiras independentes brasileiras como 3R e Prio.
Este é o segundo leilão de áreas exploratórias realizado no país neste ano, em que o Brasil sedia a COP30, conferência ambiental da ONU. No primeiro leilão, a ANP abriu 34 blocos para exploração, incluindo 19 na bacia da Foz do Amazonas.
O incentivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à indústria do petróleo tem gerado protestos de grupos ambientalistas. Recentemente, a coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, criticou dizendo que o governo estaria atrapalhando os esforços pela agenda climática.