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quinta-feira, 16/10/2025

Governo quer facilitar acordo com os EUA sobre etanol e minerais

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Em Brasília

JULIA CHAIB E RICARDO DELLA COLETTA
WASHINGTON, EUA, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está tentando definir pontos que pode negociar com os EUA para resolver o problema das tarifas altas aplicadas contra o Brasil.

A primeira reunião presencial entre o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores), o secretário de Estado americano, Marco Rubio, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, acontecerá nesta quinta-feira (16), sendo a primeira conversa direta desde o encontro de Lula com Donald Trump.

Os representantes do governo brasileiro estão cautelosos e dizem que esse encontro não vai decidir tudo, pois primeiro querem ouvir o que os EUA estão pedindo. Mas o Brasil já tem algumas sugestões para apresentar, especialmente sobre o etanol, minerais importantes e grandes empresas de tecnologia, assuntos importantes para os EUA.

O governo quer pedir aos EUA para reduzir as tarifas de 50% que afetam o Brasil e o fim de sanções, como o bloqueio de vistos e punições financeiras a autoridades brasileiras.

Dois membros do governo dos EUA disseram à Folha de S.Paulo que a política do governo Trump em relação ao Brasil não mudou. Isso significa que continuarão pressionando o ministro Alexandre de Moraes, do STF, por decisões contra grandes empresas de tecnologia e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Jamieson Greer disse nesta terça-feira que as tarifas são uma reação à suposta censura e preocupação com o Estado de Direito. O governo brasileiro optou por não responder e aguardar o encontro.

Outra pessoa ligada a Trump mostrou preocupação com a saúde de Bolsonaro, mas o governo Lula já deixou claro que não discutirá política, apenas questões comerciais. Ainda assim, espera-se que o argumento de Greer seja repetido na reunião.

A intenção do governo brasileiro é mostrar boas intenções em áreas que interessam aos EUA para que a negociação avance nas questões comerciais. Sobre o etanol, está sendo estudado retomar as cotas ou criar formas para que o etanol americano possa entrar nos portos do Sudeste do Brasil.

O principal receio de produtores e políticos brasileiros é que o etanol de milho americano prejudique as usinas do Nordeste, que são menos modernas e menos competitivas em comparação com as do Sudeste. Este é um tema sensível politicamente que envolve diversos políticos do Nordeste no Congresso.

Sobre os minerais críticos, o Brasil quer desenvolver uma indústria para explorar esses recursos. Uma ideia é oferecer aos EUA uma parceria financeira para ajudar na exploração desses minerais, em troca de garantir a compra de uma parte desses minerais.

No tema das grandes empresas de tecnologia, o governo acredita que pode fazer pouco, já que as decisões são tomadas no Congresso e no STF, mas pode-se discutir a regulação feita pela Anatel às empresas. Para os dois últimos temas, o governo sugere criar grupos de trabalho para elaborar propostas.

Na quarta-feira (15), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e seus aliados também estiveram em Washington para reuniões no Departamento de Estado, Tesouro e Casa Branca.

O empresário Paulo Figueiredo disse à Folha que as conversas foram positivas. “Fomos bem recebidos como sempre. Não vimos mudanças na política externa americana. Entendemos essas conversas como naturais e que podem ajudar em nossos objetivos. Confiamos na condução desse processo”, afirmou.

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