A base governamental na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que analisa supostas irregularidades em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pretende solicitar o depoimento do ex-Advogado-Geral da União (AGU) Bruno Bianco, que também foi secretário da Previdência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Bruno Bianco atuou como secretário especial na Secretaria da Previdência entre 2020 e 2021, no Ministério da Fazenda sob a liderança de Paulo Guedes, período no qual o INSS estava vinculado à pasta econômica. Em 2021, com a reestruturação do ministério e sob o comando de Onyx Lorenzoni, ele foi nomeado secretário-executivo, mas rapidamente foi promovido a AGU.
A CPMI já convidou vários ministros e um secretário da Previdência dos últimos dez anos para prestar depoimentos relacionados às fraudes apuradas. Embora o nome de Bruno Bianco não constasse inicialmente entre os convocados, a base do governo apresentará um pedido formal para sua convocação, conforme informou o coordenador governista na comissão, o deputado e ex-ministro Paulo Pimenta (PT-RS).
Diferentemente dos convidados, que participam voluntariamente, os convocados são obrigados a depor. Essa distinção foi usada para suavizar o clima da comissão, que convocou 11 ex-presidentes do INSS e o atual gestor do órgão.
O caso do INSS ganhou repercussão após reportagens investigativas do portal Metrópoles que revelaram um esquema de cobranças indevidas e fraudes nas associações de segurados, com arrecadação que alcançou R$ 2 bilhões em apenas um ano. Estas informações deram origem a inquéritos da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, resultando em operações e demissões de autoridades do INSS e do Ministério da Previdência.
Quem é Bruno Bianco
Após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, o então presidente Michel Temer encerrou o Ministério da Previdência, vinculando o INSS ao Ministério da Fazenda, medida mantida no início do governo Bolsonaro. Bruno Bianco foi secretário adjunto durante dois anos, sob a gestão do então secretário Rogério Marinho (PL-RN), enquanto a Reforma da Previdência era discutida.
Com a saída de Marinho em 2020, Bianco assumiu como secretário especial. No ano seguinte, com o restabelecimento do Ministério da Previdência sob Onyx Lorenzoni, Bianco foi nomeado secretário-executivo, mas rapidamente assumiu o cargo de AGU, permanecendo até o final do governo em 2022.
Bruno Bianco também foi ouvido como testemunha em processos relacionados ao julgamento da tentativa de golpe examinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tendo sido consultado por Jair Bolsonaro em relação a suspeitas de fraudes eleitorais ocorridas na mesma eleição que elegeu o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.