Integrantes do governo, pela primeira vez, reconhecem a possibilidade do projeto de anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro ser levado ao plenário da Câmara dos Deputados. Sob pressão da oposição, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), consultados pelo Metrópoles na sexta-feira (12/9), após a condenação de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, apostam em impedir a aprovação do texto na votação na Casa.
A proposta da anistia ganhou visibilidade na última semana com o início da fase final do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esteve em Brasília buscando apoio para a iniciativa, mas encontrou resistência no presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que hesita em pautar o projeto.
Com a recente condenação, Hugo Motta enfrentará uma nova onda de pressão do centrão e da oposição bolsonarista, que desejam votar a urgência da proposta já na próxima semana. O centrão quer que a pauta avance com uma anistia limitada para encerrar a questão, enquanto os bolsonaristas defendem uma anistia ampla, geral e irrestrita.
O governo, ciente do aumento da pressão sobre Hugo Motta, inicialmente buscou maneiras de aliviar a situação para garantir que o deputado resistisse à pressão. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, convocou reuniões com os líderes da base governista em várias ocasiões para discutir o tema, que ficou em segundo plano na última semana, aguardando o desfecho do julgamento da tentativa de golpe.
Agora, o governo acompanha cada voto e simula possíveis resultados para a anistia com os líderes partidários. O objetivo é derrotar o projeto no plenário para encerrar definitivamente o debate, antes das eleições de 2026.
Tarcísio se torna um desafio para o governo
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, representa um desafio para o governo, pois vem conseguindo o apoio de vários partidos da base em torno da pauta. Para uma parcela significativa do centrão, Tarcísio é o candidato da direita para as eleições presidenciais de 2026, diante da inelegibilidade e condenação de Bolsonaro. No entanto, uma ala bolsonarista afirma que a situação ainda não está decidida e que o ex-presidente permanece como ‘candidato’, mesmo impedido de concorrer.
Resistência maior ao Senado
A oposição acredita ter ampla maioria para aprovar a anistia na Câmara. No entanto, no Senado, a oposição enfrenta um cenário menos favorável. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), é contra uma proposta que beneficie Bolsonaro e estuda uma alternativa que prevê apenas a redução de penas para os condenados pelos ataques aos prédios dos Três Poderes.