EDUARDO CUCOLO E LEONARDO VIECELI
SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A economia brasileira cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025, conforme previsto pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. O governo já esperava que esse avanço fosse mais lento comparado ao 1,3% registrado nos primeiros três meses do ano.
Para o terceiro trimestre, a expectativa é que o crescimento do PIB seja ligeiramente inferior ao do segundo trimestre. A secretaria comentou os dados divulgados nesta terça-feira (2) pelo IBGE, referentes ao período de abril a junho.
Apesar do resultado ter ficado dentro do esperado, ele é menor que a estimativa feita em julho, quando o ministério previu um aumento de 2,5% para o ano de 2025.
O órgão manteve essa previsão de crescimento, mas alertou para um “leve viés de baixa”, causado pela desaceleração mais forte no segundo trimestre do que o projetado em julho, além dos impactos do aumento dos juros na economia.
De acordo com o dado do segundo trimestre, a secretaria calcula um “carrego estatístico” para 2025 de 2,3%, valor que seria atingido mesmo que o PIB permaneça estável nos próximos dois trimestres.
Embora a concessão de crédito esteja diminuindo, acompanhada pelo aumento dos juros bancários e da inadimplência, o mercado de trabalho continua forte, o que pode ajudar a economia com o pagamento dos precatórios e a expansão recente do crédito consignado para trabalhadores.
Na comparação com outros países do G-20 que divulgaram o PIB do segundo trimestre, o Brasil ficou em nono lugar no trimestre e sexto lugar na comparação anual e no acumulado em quatro trimestres.
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao Ministério do Planejamento e Orçamento, destacou em sua análise que houve queda nos investimentos, encerrando seis trimestres consecutivos de alta, além da redução do consumo do governo.
Por outro lado, o instituto apontou a força do setor de serviços e do consumo das famílias, além da contribuição positiva do comércio exterior para o resultado do trimestre.
A variação de 0,4% ficou próxima da mediana das projeções do mercado financeiro, que era 0,3%, segundo a agência Bloomberg. As estimativas variavam entre 0,1% e 0,8%.
Do lado da oferta, os serviços cresceram 0,6% no segundo trimestre, ajudando a sustentar o crescimento do PIB. A indústria teve avanço de 0,5%, ambas acima dos resultados do primeiro trimestre (0,4% e 0%).
A agropecuária teve uma leve queda de 0,1% entre abril e junho, após um crescimento de 12,3% no início do ano.
No lado da demanda, o consumo das famílias teve alta de 0,5%, mas se desacelerou em relação ao primeiro trimestre, quando cresceu 1%.
Também no lado da oferta, tanto o consumo do governo caiu 0,6%, quanto os investimentos produtivos recuaram 2,2% no período de abril a junho.
A redução nos investimentos, medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), foi a primeira após seis trimestres consecutivos de crescimento.