ANDRÉ BORGES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O governo federal vai realizar a concessão de 14 rodovias em 2026, totalizando R$ 158 bilhões em investimentos. Esse será o maior número de leilões de rodovias durante o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Folha de S.Paulo teve acesso ao plano do Ministério dos Transportes, que será anunciado em breve. Entre as estradas concedidas, oito serão novos trechos e seis serão concessões já existentes que terão os contratos atualizados para novos investidores.
Essas rodovias somam 7.295 km, com projetos que incluem 1.197 km de duplicações e 1.331 km de faixas extras. O investimento total previsto é de R$ 91 bilhões em infraestrutura, além de R$ 67 bilhões para a operação dessas vias.
No primeiro semestre de 2026, o governo planeja leiloar três novos trechos: a Rota dos Sertões (BR-116/BA/PE), a Rotas Gerais (BR-116/251/MG) e a Rota Agro Central (BR-070/174/364/MT/RO).
Além disso, três concessões atuais terão seus contratos atualizados e serão oferecidas em leilões simplificados: Régis Bittencourt (BR-116/SP/PR), Rota Arco Norte (BR-163/MT/PA) e Rota do Pequi (BR-060/153/DF/GO).
ELEIÇÕES
O calendário eleitoral de 2026 não afetará a programação dos leilões. Seis leilões ocorrerão entre fevereiro e junho, e outros oito entre julho e dezembro, incluindo quatro entre outubro e novembro, período das eleições.
Para Mauricio Portugal, especialista em infraestrutura, o plano deve ser mantido mesmo no ano eleitoral.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, deve deixar o cargo em abril para concorrer ao governo de Alagoas.
“Não acredito que o ano eleitoral vai atrapalhar as concessões. Se houver impacto, pode ser positivo, pois o ministro tem usado os leilões como argumento político”, afirmou.
No segundo semestre, haverá leilões de quatro blocos de rodovias na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). No Nordeste, será leiloada a Rota 2 de Julho (BR-116/324/BA).
Na região Sul, três trechos serão leiloados: Rodovias Integradas de Santa Catarina – Lote 01 (BR-153/282/470/SC), Rodovias Integradas de Santa Catarina – Lote 03 (BR-153/282/480/SC), Rota Integração do Sul (BR-116/158/290/392/RS) e Rota Portuária do Sul (BR-116/392/RS).
Outras três concessões com contratos atualizados também serão leiloadas: Rota Litoral Sul (BR-116/376/PR e BR-101/SC), Rota Planalto Sul (BR-116/PR/SC) e Rodovia Transbrasiliana (BR-153/SP).
O Ministério dos Transportes planeja, ao final do governo Lula, totalizar 36 concessões rodoviárias, com investimentos somando R$ 405 bilhões. Em 2023, foram realizados dois leilões com R$ 30 bilhões em investimentos e sete licitações em 2024 com R$ 82 bilhões. Estima-se concluir 13 leilões em 2025, com R$ 135 bilhões em investimentos.
Durante a gestão do então Ministério da Infraestrutura com Tarcísio de Freitas, entre 2019 e 2022, ocorreram seis leilões.
INVESTIMENTOS
Isadora Cohen, da ICO Consultoria, avalia que o cronograma de 2026 mostra que as concessões são importantes para aumentar investimentos públicos e privados, mesmo com um cenário econômico desafiador.
Ela destaca que os juros altos, em 15% ao ano, não afastam investidores que buscam retorno a longo prazo, e que o ambiente regulatório tem sido melhorado para aumentar a competição no setor.
“É um movimento positivo que tem permitido viabilizar trechos menos atrativos, com foco maior em operação e manutenção”, disse Cohen.
Os investimentos privados previstos em rodovias entre 2023 e 2029 são de R$ 218 bilhões.
Segundo o Ministério dos Transportes, nos últimos 27 anos (1995 a 2022), os investimentos somaram R$ 129 bilhões, já atualizados monetariamente.
Até 2022, 11.212 km de rodovias federais estavam sob gestão privada, o que corresponde a 17% da malha federal, que totaliza 66.610 km. Em 2025, esse número subiu para 18.074 km, ou 27% das rodovias federais sob concessão.
Com as concessões de 2026 confirmadas, o total será de 21.931 km sob gestão privada, aproximadamente um terço da malha federal. A fiscalização desses trechos é feita pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
O governo petista planeja ainda deixar 21 projetos contratados para concessão após 2026. A pasta de Renan Filho tem buscado viabilizar concessões de estradas federais com menor tráfego, oferecendo modelos em que o setor público assume parte dos investimentos.
