19.5 C
Brasília
sexta-feira, 24/10/2025

Governo pensa em nova medida para controlar gastos em 2025

Brasília
nuvens quebradas
19.5 ° C
21.1 °
19.5 °
68 %
5.1kmh
75 %
sex
26 °
sáb
28 °
dom
31 °
seg
32 °
ter
32 °

Em Brasília

IDIANA TOMAZELLI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está considerando lançar uma nova Medida Provisória para conter gastos públicos e evitar um bloqueio extra no orçamento de 2025.

Essa ideia ainda está sendo analisada pelos especialistas do governo e só será adotada se houver garantia legal de que não infringe a Constituição, que impede a repetição de Medidas Provisórias com o mesmo conteúdo em uma mesma sessão legislativa – caso da MP 1.303, que perdeu a validade sem ser votada.

A nova medida não cancela o plano de ajustar as contas públicas por meio de dois projetos de lei distintos, conforme antecipado pela Folha de S.Paulo. As negociações continuarão com o Congresso Nacional.

A principal vantagem da Medida Provisória é que ela entra em vigor imediatamente, ajudando o governo a manter regras mais rígidas de controle de despesas e evitar o aumento obrigatório de gastos este ano.

Uma das maiores preocupações é o benefício chamado seguro-defeso, que paga um salário mínimo (R$ 1.518) aos pescadores artesanais durante o período em que a pesca é proibida.

A Medida Provisória que expirou limitava os gastos com esse benefício ao valor previsto no orçamento, de forma semelhante ao que é feito no Bolsa Família. Antes, o seguro-defeso era considerado gasto obrigatório, o que exigia previsão orçamentária para qualquer aumento.

Com a MP vigente, o governo teve que segurar a concessão do seguro-defeso para não ultrapassar o limite orçamentário de R$ 6,4 bilhões, que já foi totalmente usado. Para quem apoia a medida, isso incentiva a revisão dos cadastros para eliminar fraudes e garantir que só os beneficiários corretos recebam o valor.

Após a MP perder validade, o benefício voltou a ser obrigatório. Técnicos do governo calculam que o pagamento dos valores represados poderia significar um gasto extra de R$ 2 a 2,5 bilhões neste ano, o que exigiria cortes em outras áreas, como investimentos – uma pressão que a equipe econômica quer evitar.

Este ano o governo já bloqueou R$ 12,1 bilhões em gastos devido ao aumento de despesas obrigatórias, como benefícios previdenciários. O crescimento do gasto com seguro-defeso aumentaria ainda mais essa necessidade, num momento em que controlar despesas está mais difícil, por causa do final do ano.

O governo também enfrenta pressão dos pescadores para retomar os pagamentos do benefício. A Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CBPA) enviou um pedido aos ministérios para que tomem medidas urgentes para restabelecer os pagamentos.

No documento, a CBPA destaca que a MP 1.303 perdeu validade em 8 de outubro de 2025 e que não há base legal para continuar suspendendo as análises do seguro-defeso, sendo obrigação da administração pública normalizar os pagamentos.

A entidade ainda afirma que a suspensão prejudica a economia e o bem-estar das comunidades de pescadores e compromete a confiança na política pública que protege esses trabalhadores durante o período em que não podem pescar.

A MP que perdeu validade também incluía outras medidas para este ano, como reduzir o prazo do auxílio-doença concedido por atestado médico sem perícia presencial, e estabelecer um limite para os pagamentos de compensações previdenciárias a regimes próprios de estados e municípios, para casos em que aposentados contribuíram ao INSS no passado.

Veja Também