BRUNO BOGHOSSIAN E CATIA SEABRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O governo do presidente Lula iniciou um novo processo de licitação para contratar três empresas responsáveis por cuidar da comunicação digital da administração federal, gerenciada pela Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência). O valor destinado para este contrato é de R$ 98,3 milhões para um período de 12 meses.
Uma tentativa anterior de fazer essa contratação gerou problemas, pois surgiram suspeitas de irregularidades no processo, quando o ministro Paulo Pimenta estava à frente da Secom.
Em junho de 2024, o Tribunal de Contas da União suspendeu o edital que valia R$ 197,7 milhões para quatro empresas. No ano seguinte, após a liberação do processo pela corte, o novo ministro Sidônio Palmeira optou por mudar o modelo de contratação.
Retomar essa licitação foi uma determinação do próprio Lula e um compromisso assumido por Sidônio. O intuito do governo é fortalecer a comunicação digital para combater as ações realizadas nas redes sociais pela oposição, principalmente pelos bolsonaristas, neste período final do mandato.
O novo edital exige que as empresas façam o planejamento da comunicação digital do governo, controlem o conteúdo e os perfis nas redes sociais, façam análise dos sentimentos dos usuários e implementem formas inovadoras de comunicação.
O contrato terá duração inicial de um ano, podendo ser estendido se as condições forem vantajosas para o governo. A previsão é que o processo de licitação dure entre seis e oito meses.
A abertura da licitação ocorre em um momento em que o governo está reformulando sua estratégia de comunicação com foco nas redes sociais, especialmente para enfrentar desafios políticos. Entre os objetivos está defender a taxação dos mais ricos e melhorar a imagem das ações governamentais, principalmente para a população de baixa renda.
Além disso, o presidente Lula enfrenta dificuldades para superar o engajamento que a direita promove nas redes digitais, a pouco mais de um ano das próximas eleições, quando pretende buscar a reeleição.
Segundo documentos oficiais, o foco dessa licitação não é apenas combater desinformação e fake news, mas apresentar de forma clara e constante os benefícios das políticas públicas à população, usando uma linguagem acessível e envolvente.
As empresas deverão elaborar um plano detalhado para redes como Pinterest, LinkedIn, YouTube, Instagram, Facebook, TikTok e Kwai, visando aumentar o engajamento orgânico e o alcance das mensagens do governo.
O modelo de trabalho será semelhante ao usado para as agências de publicidade do governo, com várias empresas contratadas que competirão entre si a cada nova campanha encomendada pela Secom.
O edital também pede propostas para divulgar principais programas do governo, como Minha Casa Minha Vida – Classe Média, Crédito do Trabalhador, Pé-de-Meia, Farmácia Popular, Luz do Povo, Bolsa Família, Prouni e Fies.
Conteúdos específicos devem ser direcionados para impactar beneficiários dos programas sociais nas áreas de educação, saúde e assistência social, considerados estratégicos por seu envolvimento direto na aplicação das políticas públicas.
A licitação anterior foi marcada por denúncias de irregularidades, quando, na véspera do anúncio dos vencedores em abril de 2024, um jornalista do site O Antagonista divulgou abreviado os nomes das empresas participantes: Usina Digital, Área Comunicação, Moringa L2W3 e o consórcio BR e Tal.