O governo federal iniciou nesta quarta-feira, 3, novas ações para reduzir o problema do vício em apostas pela internet no Brasil. Uma das iniciativas principais é uma plataforma que permite aos usuários se bloquearem de todos os sites de apostas por um tempo escolhido por eles.
A partir do dia 10, estará disponível uma ferramenta oficial para que jogadores possam pedir a autoexclusão simultânea em todos os sites de apostas, diferente do que ocorria até agora, que exigia o bloqueio em cada plataforma individualmente.
Além disso, será oferecido um serviço de atendimento online focado em quem enfrenta dificuldades com jogos e apostas, com 450 vagas inicialmente, podendo aumentar conforme a demanda.
Pesquisas indicam que os prejuízos sociais causados pelo vício em jogos chegam a cerca de R$ 38,8 bilhões por ano no Brasil, dos quais R$ 30,6 bilhões são relacionados a problemas de saúde.
Detalhes da plataforma de autoexclusão
Esta plataforma foi sugerida pelo Grupo de Trabalho Interministerial de Saúde Mental e de Prevenção e Redução de Danos do Jogo Problemático, formado no final de 2024 para analisar como as apostas impactam a saúde mental da população.
O acesso será feito via Gov.br para usuários com perfil prata ou ouro. O apostador poderá escolher o período da autoexclusão, que varia de um mês a tempo indeterminado, e deverá informar o motivo para a solicitação. A plataforma também oferece testes para identificar casos de risco e indicações para ajuda médica.
O governo informa que cerca de 950 mil pessoas já pediram para se autoexcluir em sites legalizados, principalmente devido a problemas com vício em jogos.
Durante o primeiro semestre de 2025, 1.951 pessoas foram atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS) por problemas relacionados ao jogo, um número considerado abaixo do real tamanho do problema. Por isso, o SUS está sendo reforçado para ampliar a assistência.
Troca de informações e combate ao vício
Os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Fazenda, Fernando Haddad, firmaram um acordo para troca de dados sobre apostas, com o objetivo de direcionar esforços para ajudar pessoas com problemas de compulsão.
O sistema vai monitorar o tempo que os usuários passam nas plataformas, associando essas informações com os impactos no trabalho e na vida pessoal.
Alexandre Padilha destacou que esse observatório será uma ferramenta-chave para enfrentar o problema como uma questão de saúde pública, permitindo uma ação mais eficaz das equipes de atendimento.
Discussão sobre plataforma da Caixa
A ideia de criar uma plataforma de apostas pela Caixa tem gerado debate no governo. Como reportado pelo Estadão/Broadcast, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou insatisfação com a forma como o presidente da Caixa, Carlos Vieira, tem conduzido o assunto.
A Caixa tem indicado desde o ano passado a intenção de lançar seu próprio sistema de apostas, concorrendo com o mercado que vem crescendo e reduzindo o espaço das loterias. A Caixa Loterias está autorizada a operar apostas pelo Ministério da Fazenda.
Ao comentar, Padilha afirmou que irá conversar com Vieira e lembrou que qualquer plataforma deve ter responsabilidade, evitar o vício e fazer uso de ferramentas de alerta e autoexclusão.
Combate ao crime organizado
Em relação à segurança, Fernando Haddad destacou que o monitoramento dos dados também ajudará a combater o crime organizado, que usa sites de apostas para lavagem de dinheiro.
Segundo ele, o Brasil está colaborando com autoridades dos Estados Unidos para investigar essas ações ilegais via cooperação internacional.
Fernando Haddad ressaltou que o crime organizado explora todas as oportunidades, incluindo fintechs e plataformas de apostas, para lavagem de dinheiro e ocultação de bens.
Estadão Conteúdo

