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sábado, 23/08/2025

Governo lança nova faixa do Minha Casa Minha Vida, mas vendas ainda estão lentas

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O governo Lula lançou em maio uma nova categoria do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) para ajudar famílias de classe média a comprarem imóveis, chamada faixa 4. Apesar do lançamento recente, as vendas ainda estão abaixo do esperado, segundo dados obtidos pelo Estadão/Broadcast. O governo e as construtoras acreditam que o programa deve ganhar força nos próximos meses, mas já existem discussões sobre possíveis melhorias para acelerar as vendas.

Desde o início da faixa 4, a Caixa Econômica Federal assinou 7 mil contratos, o que representa apenas 5,8% da meta de 120 mil casas estabelecida pelo governo. Atualmente, há cerca de 15 mil contratos em negociação e mais de 1 milhão de simulações realizadas, indicando um grande interesse da população, conforme destacou Roberto Ceratto, diretor de crédito imobiliário da Caixa. “O número de simulações é um sinal positivo”, afirmou ele.

Essa nova categoria é dirigida a famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, permitindo a compra de imóveis de até R$ 500 mil. Uma vantagem importante é o financiamento com prazo de até 420 meses e taxa de juros subsidiada de 10% ao ano, contra uma taxa média de 13% ao ano para financiamentos fora do programa. O alto custo dos juros tem sido um obstáculo para muitas famílias adquirirem imóveis atualmente, e essa iniciativa visa recuperar a capacidade de compra da população.

Roberto Ceratto comentou que o público atendido não tinha opções acessíveis antes devido aos juros elevados. “Leva tempo para as construtoras ajustarem seus projetos e atraírem esse público de volta”, disse. Ele também afirmou que é cedo para falar em mudanças na faixa 4, pois o programa está progredindo e deve crescer nos próximos meses, exigindo continuidade e segurança no projeto.

Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação de Interesse Social da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), comentou que a evolução da faixa 4 tem sido mais lenta que o esperado. O governo estimava contratar 120 mil moradias até o final do próximo ano, o que indicaria uma média mensal de cerca de 10 mil contratos, mas até agora os números estão abaixo dessa média.

Uma das razões para o ritmo lento é a falta de imóveis novos adequados para a faixa 4. “O setor não estava preparado; a oferta para essa faixa é baixa”, explicou Clausens Duarte. As construtoras estão desenvolvendo produtos para atender a essa demanda, com previsão de aumento nos lançamentos e vendas ao longo do próximo ano. Atualmente, as vendas concentram-se em imóveis usados e apartamentos novos já lançados que se encaixam no programa.

Clausens Duarte ainda informou que o financiamento para construtoras dentro da faixa 4 está em funcionamento, mas com recursos de tesouraria, o que significa que não há juros subsidiados como para os compradores. Isso torna o financiamento menos atraente para as construtoras. Há discussões com o governo para criar fontes de financiamento com custos menores para acelerar os lançamentos na faixa 4. “O governo estuda flexibilizar o financiamento para empresas na faixa 4 para acelerar os projetos”, disse ele.

O orçamento total para essa faixa é de R$ 30 bilhões, dividido igualmente entre o fundo social do pré-sal e recursos de tesouraria da Caixa. Daniel Sigelmann, diretor do Departamento de Planejamento e Política Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, afirmou que o comportamento desse orçamento será monitorado. A expectativa é que o valor seja totalmente utilizado até o final de 2026. Ele também ressaltou que é normal o programa começar devagar e depois acelerar, e que não há planos atuais para alteração dos parâmetros do programa.

Opinião das construtoras

Ricardo Ribeiro, presidente da Direcional, acredita que o governo deve acompanhar de perto a utilização dos recursos da faixa 4 e que ajustes podem ser necessários caso o consumo continue lento. Ele vê esses ajustes como positivos para aumentar o poder de compra das famílias.

Ricardo Paixão, diretor financeiro e de relações com investidores da MRV&CO, considera natural o ritmo mais lento nas contratações neste início. Para a MRV&CO, as vendas estão indo bem, principalmente de unidades já lançadas cujos preços estavam acima da faixa 3, que vai até R$ 350 mil.

Estadão Conteúdo

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