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sábado, 27/12/2025

Governo federal pensa em usar verba para resolver problema dos trens em Morretes

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Por Catarina Scortecci
Curitiba, PR (Folhapress)

O governo federal está considerando utilizar uma parte do dinheiro de um acordo com a empresa Rumo para solucionar os transtornos causados pela passagem frequente de trens na cidade turística de Morretes, no Paraná, que tem cerca de 20 mil moradores e fica entre a Serra do Mar e o litoral.

A prefeitura propõe construir ao menos uma passagem subterrânea em um dos três pontos da cidade onde os trens bloqueiam o trânsito. A obra foi estimada em R$ 25 milhões e é uma reivindicação antiga da prefeitura com a União.

Alterar o caminho dos trilhos não é visto como alternativa devido ao possível impacto ambiental na mata atlântica e à importância do trem para o turismo local.

A ferrovia, que pertence à Rumo, é usada para transportar cargas agrícolas até o Porto de Paranaguá e também para passeios turísticos entre Curitiba e Morretes pela Serra Verde Express, atraindo cerca de 250 mil visitantes por ano que apreciam a beleza natural e a mata atlântica preservada da região.

Além disso, a ferrovia tem um valor histórico, pois foi construída em 1885 pelos irmãos André e Antônio Rebouças, primeiros engenheiros negros do Brasil, que garantiram que a obra não usasse mão de obra escrava, um feito importante já que a Lei Áurea foi assinada três anos depois.

Junior Brindarolli, prefeito de Morretes, destaca que o município reconhece a importância da ferrovia para o escoamento da produção agrícola e para o turismo, considerado um dos dez mais bonitos do mundo, mas ressalta a necessidade de passagens seguras para veículos, pois os trens passam a todo momento, inclusive durante a noite, e já ocorreram acidentes.

O trecho urbano da ferrovia tem cerca de 70 quilômetros, e o tempo de espera dos moradores para que o trem passe é em média 20 minutos, podendo ser maior. Isso preocupa especialmente casos de emergência, como ambulâncias do Samu e Siate, devido ao comprimento das composições, que podem ter até 160 vagões.

Brindarolli comenta que todas as cidades brasileiras com ferrovias ativas deveriam receber algum tipo de compensação, e que a passagem subterrânea em Morretes custaria em torno de R$ 25 milhões, por isso é necessário buscar recursos federais para realizar o projeto.

Ele ressalta que o orçamento do município é limitado, em torno de R$ 100 milhões ao ano, e que participou em outubro de uma reunião na Secretaria Nacional de Assuntos Ferroviários, organizada pelo deputado federal Aliel Machado (PSB-PR), para discutir essa questão.

De acordo com Machado, o governo federal já se comprometeu com a obra, e agora estão avaliando a melhor forma de executá-la.

Uma das ideias discutidas foi utilizar parte dos recursos provenientes da modificação do contrato da Rumo Malha Paulista, que foi estendido até 2059 e abrange trechos de São Paulo e Minas Gerais.

No entanto, informações do Ministério dos Transportes indicam que o dinheiro virá do próprio contrato de concessão da Rumo Malha Sul, que inclui a ferrovia que passa por Morretes e abrange 7.223 km nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

A intenção é usar parte da indenização que a Rumo pagará à União após devolver cerca de 100 km de ferrovia entre Presidente Epitácio e Presidente Prudente, em São Paulo. Essa devolução poderá gerar uma compensação de até R$ 250 milhões.

O ministério informou que avalia a melhor forma de usar esses recursos, incluindo iniciativas para enfrentar os problemas urbanos causados pelos trens em Morretes.

O ministério não deu detalhes adicionais, mas para o prefeito, o jeito mais rápido seria a própria Rumo realizar a obra, já que obras públicas podem demorar devido ao processo de licitação, e a população já espera há muitos anos por uma solução.

A Rumo, procurada, afirmou em nota que a concessão da Malha Sul está sendo analisada por um grupo de trabalho do Ministério dos Transportes, principalmente no que diz respeito a possíveis indenizações ou obras relacionadas.

O trecho da ferrovia em Morretes foi concedido à Rumo em março de 1997, com contrato válido até fevereiro de 2027. A prefeitura espera que a obra seja anunciada em breve e iniciada em 2026.

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