18.5 C
Brasília
sexta-feira, 21/11/2025




Governo enfrenta dificuldades para aprovar projetos após mudança na base

Brasília
céu limpo
18.5 ° C
18.5 °
17.8 °
77 %
0kmh
0 %
sex
29 °
sáb
27 °
dom
29 °
seg
25 °
ter
27 °

Em Brasília

A rejeição do Projeto de Lei (PL) Antifacção na Câmara dos Deputados marca um novo episódio na difícil relação entre o governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Legislativo, demonstrando que as alterações promovidas na base governista ainda não são suficientes para garantir a aprovação das principais propostas do Executivo.

O PL 5582/2025, desenvolvido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, foi encaminhado ao deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) — ex-secretário de Segurança Pública do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). Derrite realizou modificações no projeto que geraram descontentamento tanto no governo quanto na oposição, mas conseguiu aprovar a versão final com ampla maioria.

Ao todo, 370 parlamentares votaram a favor, 110 contra e 3 se abstiveram. O PL recebeu o apoio de vários partidos com representação na Esplanada dos Ministérios, entre eles o MDB, PSD, PP, Republicanos e União Brasil.

Apesar disso, a derrota foi mais significativa do que em outras votações simbólicas, como a derrubada da Medida Provisória alternativa ao aumento do IOF e a urgência do PL da Anistia. Esses episódios revelam os desafios contínuos do governo para consolidar sua agenda no Legislativo, mesmo com esforços de reorganização da base e ações de pressão política.

No mês anterior, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), liderou um processo de substituição de indicados parlamentares que votaram contra os interesses do Executivo.

Derrota do PL Antifacção

O PL nº 5582/2025 foi aprovado por 370 deputados, com 110 votos contrários e três abstenções. O relator, Guilherme Derrite, apresentou seis versões do parecer, que sofreram críticas de membros do governo e da oposição. A ministra Gleisi Hoffmann chegou a classificar a atuação do relator como uma "lambança legislativa" devido a alterações em pontos essenciais para o combate ao crime organizado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou que o texto prejudica mais a Polícia Federal do que as facções criminosas.

Agora, o projeto segue para análise no Senado Federal, com relatoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE).

Conflito entre Governo e Câmara

Após a votação, as tensões entre o Executivo e a Câmara aumentaram. Parlamentares governistas atacaram colegas da Casa, enquanto o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou o governo em suas redes sociais por escolher um caminho considerado equivocado na condução da pauta. Hugo Motta ressaltou a necessidade de unidade para enfrentar a violência, acusando o governo de adotar falsas narrativas.

Presidente Lula também usou as redes sociais para criticar o texto aprovado, afirmando que ele enfraquece o enfrentamento ao crime organizado e beneficia quem busca evitar a punição legal. Segundo ele, o projeto alterou pontos fundamentais apresentados pelo governo e, nesse formato, gera insegurança jurídica.

Antes da votação, Gleisi Hoffmann lamentou a falta de diálogo do relator com o governo. Uma reunião programada entre Guilherme Derrite, Hugo Motta, Gleisi e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, foi cancelada. Gleisi acusou o relator de evitar conversar diretamente com o governo, preferindo negociar paralelamente com outros interlocutores.

Expectativas para o Senado

O governo espera que a análise do PL Antifacção no Senado seja diferente, com uma discussão mais aprofundada e possivelmente mais favorável. Contudo, o cenário pode ser complicado pela indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), contrariando o desejo inicial dos senadores e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que apoiavam Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Apesar do desconforto gerado, o presidente Lula precisa do apoio dos senadores para a aprovação da indicação. Messias deverá passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça e ser aprovado em plenário, um processo que deve ser bastante disputado, especialmente em um contexto político tenso, como evidenciado pela recente votação apertada para recondução do procurador-geral da República.




Veja Também