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segunda-feira, 20/10/2025

governo e petrobras discutem investimentos após queda do preço do petróleo

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Em Brasília

FÁBIO PUPO E NICOLA PAMPLONA
BRASÍLIA, DF, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os diretores da Petrobras estão em desacordo sobre o planejamento dos próximos investimentos da companhia, que incluem o ano eleitoral de 2026. Enquanto a equipe da Petrobras acredita que o plano deve ser ajustado devido à queda do preço do petróleo, o governo quer manter os valores atuais.

Segundo relatos à Folha de S.Paulo, essa pauta deverá ser a principal questão discutida no conselho da Petrobras no final do ano. Esse conselho é composto por membros indicados pelo governo e representantes dos acionistas minoritários. Manter os investimentos no nível previsto pode resultar em endividamento maior e menor distribuição de lucros para os acionistas, incluindo o governo.

Essa discussão ganhou mais importância após o acordo entre Israel e Hamas, que diminuiu as tensões no Oriente Médio e provocou a queda do preço do petróleo no mercado internacional, principal fonte de receita da Petrobras.

No último fechamento, o barril do tipo Brent estava cotado a US$ 61,33, valor 16% inferior ao do ano anterior.

Além disso, a intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China aumenta receios de um desaquecimento econômico global e, com isso, da diminuição da demanda por energia.

A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê para o próximo ano um excedente ainda maior na oferta mundial de petróleo do que a atual.

O plano aprovado no final do ano passado prevê investimentos de US$ 111 bilhões entre 2025 e 2029, 4,7% acima do plano anterior (2024 a 2028, em valores reais).

Destes, US$ 98 bilhões são para projetos em andamento, majoritariamente na área de exploração e produção, incluindo a busca por novas jazidas.

Os restantes US$ 13 bilhões referem-se a projetos sob avaliação, que necessitam de análises adicionais para garantir a viabilidade financeira. Entre esses projetos está o investimento na produção de querosene sustentável para aviação, feito a partir de etanol.

As negociações atuais irão definir os valores para o período de 2026 a 2030, e analistas aguardam o anúncio para revisar suas expectativas sobre o retorno dos investimentos para acionistas. A assessoria de imprensa da Petrobras optou por não comentar.

O presidente Lula declarou recentemente que acredita que a Petrobras ainda não explorou completamente seu potencial para beneficiar o povo brasileiro. Durante evento na Bahia, pediu à atual CEO da Petrobras, Magda Chambriard, que supere a gestão do ex-presidente Sérgio Gabrielli.

Lula mencionou que já teve embates com Gabrielli para garantir investimentos no Brasil, como a construção de navios-sonda, que gerariam empregos, conhecimento tecnológico, renda e impostos para o país, apesar do custo maior para a empresa.

Ele também criticou o desmonte da Petrobras no passado, que justificou a redução dos investimentos e provocou a paralisação de estaleiros, causando desemprego e sofrimento.

A diretoria da Petrobras, incluindo a CEO Magda Chambriard, já havia sinalizado a necessidade de rever o plano de investimentos devido à queda no preço do petróleo.

Em teleconferência com analistas em agosto, Magda afirmou que projetos que estavam quase prontos para execução voltaram a uma fase inicial para serem otimizados, considerando o preço atual do petróleo.

Um exemplo é a retomada da produção de petróleo em terra na Bahia, área ligada ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, e que estava para venda no governo anterior, o que provocou protestos sindicais diante da possível desistência do projeto.

O diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, complementou que o plano para 2026-2030 precisará de revisão completa das premissas, visando identificar somente projetos viáveis. Os que não passarem pelos critérios poderão ser postergados ou sofrer adaptações para reduzir custos.

Magda Chambriard destacou ainda que o planejamento estratégico precisa se ajustar à nova realidade do mercado, que opera com preços mais baixos para o produto principal da companhia.

Na mesma linha, Chambriard publicou nas redes sociais um gráfico mostrando a queda do preço do petróleo desde setembro, indicando a importância do ajuste no planejamento.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a CEO equilibra os interesses dos investidores e da União. Ele também comentou que divergências anteriores entre o CEO anterior, Jean Paul Prates, e o governo referiam-se a investimentos específicos.

Silveira lembrou que a campanha eleitoral de Lula incluiu compromissos para ampliar investimentos da Petrobras em fertilizantes e no fornecimento de gás para reindustrializar o Brasil, investimentos estratégicos para o futuro da empresa.

Relatório recente do Itaú BBA destacou que a possibilidade de redução nos investimentos em 2026 é um tema central de debate entre os investidores, que mostram visões divergentes sobre o desfecho desse cenário.

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