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sábado, 27/12/2025

Governo central tem superávit de R$ 36,5 bilhões em outubro

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Governo Central, que inclui o Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, conseguiu um superávit primário de R$ 36,5 bilhões em outubro, segundo informado pelo Tesouro Nacional no dia 26. Esse valor foi maior do que o esperado, sendo o quarto melhor resultado para este mês desde 1997.

De acordo com a pesquisa Prisma Fiscal, que reúne dados de instituições financeiras e é divulgada pelo Ministério da Fazenda, os especialistas previam um superávit de R$ 32,2 bilhões para outubro. Outubro costuma ter superávits, pois é o começo do trimestre quando muitos impostos são recolhidos.

Apesar do resultado positivo, o valor foi menor que o registrado em outubro de 2024, quando o superávit foi de R$ 41 bilhões (ajustado pela inflação). Esse superávit primário mostra a diferença entre o que o governo arrecada e gasta, sem considerar os juros da dívida pública.

Entre janeiro e outubro, o governo tem um déficit primário de R$ 63,7 bilhões, o que dificulta alcançar a meta fiscal. Para este ano, a meta é não ter déficit, com uma pequena tolerância que permite até R$ 31 bilhões de déficit.

Essa tolerância exclui gastos extras como precatórios e pagamentos a aposentados e pensionistas que sofreram com fraudes no INSS.

Arrecadação recorde

O bom resultado das contas públicas em outubro se deve principalmente à arrecadação alta de impostos como Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

O aumento do IR ocorreu porque mais pessoas estão trabalhando e ganhando mais, além dos rendimentos de investimentos em renda fixa terem crescido devido aos juros altos. O aumento do IOF se deve a um decreto que restaurou a cobrança do imposto, após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Despesas

Embora a arrecadação tenha aumentado, as despesas do governo em outubro também subiram muito. As despesas ficaram 9,2% acima da inflação comparado com o mesmo mês do ano passado, principalmente por causa da Previdência Social, gastos com saúde e pagamento de precatórios.

Principais números de outubro:

  • Superávit primário: R$ 36,5 bilhões
  • Superávit em outubro de 2024: R$ 41 bilhões
  • Receita líquida: R$ 228,9 bilhões (+4,5% em termos reais)
  • Despesas totais: R$ 192,4 bilhões (+9,2% em termos reais)
  • Resultado do Tesouro: superávit de R$ 57,4 bilhões
  • Resultado da Previdência: déficit de R$ 20,7 bilhões
  • Resultado do Banco Central: déficit de R$ 152 milhões

Acumulado do ano (janeiro a outubro):

  • Déficit primário: R$ 63,7 bilhões
  • Déficit no mesmo período de 2024: R$ 62,5 bilhões
  • Receita líquida: R$ 1,915 trilhão (+3,7% acima da inflação)
  • Despesas totais: R$ 1,979 trilhão (+3,3% acima da inflação)
  • Investimentos: R$ 62,59 bilhões (+2,6% acima da inflação)
  • Déficit em 12 meses: R$ 41,9 bilhões (0,35% do PIB)

O que aumentou as receitas:

  • Imposto de Renda: +R$ 4,6 bilhões
  • IOF: +R$ 2,3 bilhões
  • Receitas administradas pela Receita Federal: +5,5% acima da inflação
  • Dividendos de estatais: R$ 2,8 bilhões em outubro, sem dividendos no mesmo mês de 2024.

O aumento do IOF tem relação com mudanças na lei, principalmente nas operações com moeda e crédito para empresas.

O que aumentou as despesas:

  • Saúde: +R$ 6,3 bilhões
  • Benefícios previdenciários: +R$ 2,4 bilhões
  • Precatórios e decisões judiciais: +R$ 1,5 bilhão
  • Complementação ao Fundef/Fundeb: +R$ 1,3 bilhão
  • Investimentos públicos: R$ 7,6 bilhões em outubro (+27,7% acima da inflação)

O crescimento das despesas com Previdência foi motivado pelo aumento do salário mínimo e pelo maior número de beneficiários.

Meta fiscal

Mesmo com o superávit de outubro, o governo ainda está longe da meta de déficit zero estabelecida nas regras fiscais.

Margens permitidas:

Tolerância para déficit: até 0,25% do PIB, cerca de R$ 31 bilhões.

Exclusões da meta: até R$ 44,5 bilhões em precatórios e gastos com ressarcimentos por fraudes no INSS.

Déficit permitido sem violar a meta fiscal: até R$ 75,8 bilhões.

Situação preocupante

Apesar do resultado positivo, a situação fiscal preocupa. A previsão para 2025 é um déficit de R$ 75,7 bilhões, no limite do permitido. As empresas estatais federais também devem fechar o ano com um rombo de R$ 9,2 bilhões, acima da meta.

Essa projeção piorou após incluir um déficit de R$ 3,3 bilhões dos Correios, que levou o governo a cortar R$ 3,3 bilhões do orçamento na última sexta-feira (21).

Para manter a meta fiscal, o governo bloqueou R$ 7,7 bilhões e contingenciou R$ 3,3 bilhões em gastos previstos, para evitar ultrapassar os limites financeiros impostos.

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