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sábado, 02/08/2025

Governo busca novos mercados para exportar produtos do campo afectados por tarifas dos EUA

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O governo federal está procurando novos mercados para onde possa enviar os produtos agropecuários brasileiros que podem ser prejudicados pela tarifa de 50% que os Estados Unidos planejam impor a partir de 1º de agosto. A estratégia envolve dois caminhos: abrir portas para novos mercados e aumentar as vendas para países que já compram desses produtos, segundo informações do Broadcast Agro, sistema de notícias do Grupo Estado. Os ministérios da Agricultura, Relações Exteriores e Desenvolvimento trabalham juntos nessa tarefa, focando especialmente no Oriente Médio e na Ásia.

Os produtos mais atingidos pela tarifa são o suco de laranja, café, carne bovina, frutas e peixes, que hoje têm no mercado americano seu principal destino. O governo conversa com o setor privado para decidir quais países priorizar nessas negociações. Agentes agrícolas nas embaixadas também buscam importadores interessados no Brasil. Além disso, câmaras de comércio têm apresentado países como opções para receber os produtos brasileiros, especialmente no mundo árabe.

O Ministério da Agricultura apresentou um estudo inicial para os exportadores, destacando a importância das negociações para abrir mercados, liberar frigoríficos e reduzir tarifas de alguns produtos. Um interlocutor do governo ressaltou que todas as opções estão sendo consideradas para minimizar os danos à exportação para os EUA. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, vem intensificando reuniões com líderes de outros países para acelerar essas negociações em alto nível.

Entre as possibilidades estão a abertura dos mercados do Japão, Turquia e Coreia do Sul para a carne bovina brasileira, com o Japão perto de autorizar as exportações ainda este ano após análise do sistema sanitário brasileiro. Também estão em negociação a habilitação de mais frigoríficos para exportar carne para Indonésia, Vietnã e México, totalizando pedidos para cerca de 50 plantas. A decisão depende das autoridades sanitárias desses países.

No caso do suco de laranja, a China está sendo negociada para reduzir a tarifa atual, que varia entre 7,5% e 20%, além de ampliar as vendas também para a Arábia Saudita. Para frutas como lima ácida, manga e uva, o foco também está na China. Com o México, há conversas para manter a isenção de tarifas para produtos brasileiros e ampliar o acordo comercial ACE 53. O governo investe ainda na promoção do café brasileiro em mercados como a China, que cresce no consumo da bebida, e na Austrália.

Exportadores concordam com a diversificação proposta, mas alertam que as negociações são lentas e complexas. Há preocupação com o estoque de produtos já destinados aos EUA, que estão nos portos, no mar ou nas fábricas, o que pode causar excesso de oferta e queda nos preços no mercado interno. Por isso, pedem que a cobrança da tarifa leve em conta a data de embarque dos produtos, para não penalizar cargas enviadas antes de a tarifa entrar em vigor.

Carlos Fávaro destaca que, desde janeiro de 2023, foram abertos 397 novos mercados para produtos agropecuários brasileiros. Ele reforça a necessidade de buscar ativamente alternativas para os produtores devido à política americana. O presidente Lula determinou que o governo intensifique essa estratégia para encontrar novos destinos para a produção brasileira.

A preocupação com os efeitos das tarifas se justifica pelos números da balança comercial. Os Estados Unidos foram o terceiro maior destino das exportações do agronegócio brasileiro em 2024, com vendas de US$ 12,1 bilhões. No primeiro semestre, foram US$ 6,63 bilhões, representando 8% do total do setor. Produtos florestais, café, carnes e sucos lideram as vendas aos EUA.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que o agronegócio pode perder até US$ 5,8 bilhões em exportações aos Estados Unidos devido à tarifa, o que representa uma queda de 48% em relação ao ano passado.

Fonte: Estadão Conteúdo

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