Paulo Gonet, procurador-geral da República, enfrentará o julgamento da acusação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro com o endosso do presidente Lula e alinhamento com o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Gonet foi recentemente indicado para um novo mandato de dois anos no cargo por Lula, buscando fortalecer a Procuradoria-Geral da República diante do julgamento delicado que poderá levar Bolsonaro à prisão.
Essa não é a primeira vez que Gonet atua contra Bolsonaro em tribunais; ele já apoiou sanções em 2023 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando Moraes presidia a corte.
Na ocasião, Gonet defendeu a inelegibilidade do ex-presidente por uma reunião considerada grave, realizada com embaixadores estrangeiros para questionar as eleições de 2022.
Por 5 votos a 2, o TSE barrou Bolsonaro de concorrer por oito anos.
Além disso, Gonet apoiou a inelegibilidade por uso indevido de dinheiro público em eventos do bicentenário da Independência, que foram usados para fins eleitorais.
Com essa trajetória, Gonet é visto como continuidade do trabalho na PGR, sucedendo Augusto Aras, que tinha uma postura mais conivente com Bolsonaro.
Moraes e o ministro do STF Gilmar Mendes foram chave no apoio a Gonet, ressaltando sua fama de discreto e dedicado, que evita polêmicas, ao contrário dos procuradores da Operação Lava Jato.
Desde sua posse em dezembro de 2023, Gonet enfatizou a importância da responsabilidade e da atuação firme do Ministério Público.
A renovação de seu mandato enfrentou pouca oposição interna, beneficiando-se da desistência da ANPR de apresentar uma lista de candidatos.
Em fevereiro, ele apresentou a denúncia formal contra Bolsonaro, acusando-o de liderar uma tentativa de golpe com crimes que podem resultar em até 43 anos de prisão.
As acusações envolvem tentativa de ataque ao Estado democrático de direito, danos contra patrimônio público e associação criminosa, liderada pelo ex-presidente e seu candidato a vice, General Braga Neto.
Gonet terá duas horas para expor sua manifestação no julgamento, que será seguida pelos argumentos da defesa.
Para validar a recondução de Gonet, será necessária aprovação do Senado, através de sabatina e votação, exigindo pelo menos 41 votos.