A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) realizou na última quarta-feira (3/12) a operação The Rock, que desmantelou um elaborado esquema de fraude eletrônica conduzido por um homem de 32 anos, natural de Benim, África, e residente em Santa Catarina, onde cursava cinema em uma universidade federal.
De acordo com as investigações da 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural), Honore Ode usava perfis falsos nas redes sociais, especialmente no TikTok, se passando pelo ator norte-americano Dwayne Johnson, conhecido como “The Rock”. Utilizando fotos reais, mensagens cuidadosamente elaboradas e uma rotina planejada de persuasão, o criminoso criava vínculos afetivos com suas vítimas antes de iniciar a extorsão emocional e financeira.
A estratégia principal do golpe era convencer as vítimas de que haviam sido contempladas com um “prêmio internacional” no valor de 800 mil euros, aproximadamente R$ 4,9 milhões, supostamente patrocinado pelo ator. Para liberar o suposto prêmio, o golpista exigia pagamentos sucessivos, justificando como taxas alfandegárias, seguros, custos administrativos e entrevistas obrigatórias.
A ação policial resultou no cumprimento de mandados de busca e apreensão em Florianópolis e Itajaí, Santa Catarina, além da prisão preventiva do investigado, com apoio da Polícia Civil catarinense. Foram apreendidos celulares, laptops e outros dispositivos que passam por perícia para identificar mais vítimas e mapear a rede criminosa.
Documentos falsificados, imagens manipuladas e comprovantes adulterados reforçavam a aparência de autenticidade. As mensagens eram enviadas com tom urgente, amigável e insistente para manter as vítimas sob pressão emocional até o momento do golpe.
A investigação começou após uma moradora da Vila Estrutural registrar ocorrência. Desempregada e simples, ela acreditou na promessa e enviou documentos pessoais ao falso representante do ator. Entre 28 de agosto e 15 de setembro de 2025, realizou nove transferências via Pix, totalizando R$ 9,78 mil, incluindo pagamentos como:
- R$ 2,85 mil — taxa de envio internacional da encomenda;
- R$ 1,5 mil — suposto acidente com caminhão transportador;
- R$ 1 mil — complemento do seguro da carga;
- R$ 550 — valor restante para liberar a entrega;
- R$ 1,35 mil — entrevista obrigatória para receber o prêmio;
- R$ 1,53 mil — taxas alfandegárias adicionais;
- Demais valores menores pagos sob nova pressão emocional e promessas de liberação imediata.
Outra vítima, de Minas Gerais, perdeu cerca de R$ 80 mil. A PCDF destaca que o modus operandi revela a repetição constante do crime, com uso de múltiplas contas e números telefônicos internacionais, além da fragmentação de valores para dificultar o rastreamento.
Honore Ode responderá por estelionato eletrônico, crime punido com penas que variam de 4 a 8 anos de prisão, além de multa.

