As polícias Civil do Distrito Federal (PCDF) e de Santa Catarina (PCSC) investigam uma série de golpes praticados por uma empresa que se apresentava como especialista em gestão de milhas aéreas, oferecendo pagamento de boletos bancários com descontos de até 50% e pacotes de viagens internacionais. Uma única família sofreu perda de R$ 150 mil ao comprar passagens para a Alemanha.
O esquema criminoso, atribuído a Gustavo Real Rabelo, conhecido como “o rei das milhas”, causou prejuízo a dezenas de consumidores. O golpe envolvia a venda de passagens aéreas e hospedagens pelo mundo. Embora os clientes pagassem o pacote completo, o suspeito não entregava o prometido. No Distrito Federal, pelo menos 10 ocorrências foram registradas contra a agência de turismo Mais Milhas, que divulgava a falsa facilidade.
O funcionamento do golpe dos boletos era simples: o cliente enviava o valor do boleto para o golpista, já com o suposto desconto. O pagamento deveria ser feito nos dias seguintes. No começo, alguns boletos eram pagos, parte da estratégia para gerar confiança. Depois disso, os golpes se multiplicaram.
Com a credibilidade inicial, as vítimas enviavam boletos com valores maiores para que o golpista pagasse com desconto por meio de milhas. Então ocorria a fraude: os títulos nunca eram quitados, obrigando os consumidores a pagá-los novamente para evitar multas e negativação.
Após duas transações bem-sucedidas, um morador do DF usou o serviço oferecido por Gustavo para pagar um boleto em outubro de 2025. O golpista disse que o pagamento poderia levar até 10 dias úteis. Após 25 dias, o banco não registrou o pagamento. Quando cobrado, o suspeito enviou um comprovante falso. O prejuízo dessa vítima é de R$ 5,4 mil.
Além dos boletos, muitas pessoas foram enganadas comprando passagens e pacotes internacionais. Uma família de São Paulo — quatro adultos e duas crianças — pagou R$ 150 mil por uma viagem completa para a Alemanha, mas nada foi emitido.
Os golpes geraram patrimônio a Gustavo, incluindo móveis, imóveis e carros de luxo importados.
Em março de 2024, uma operação em Santa Catarina investigou uma empresa ligada à família de Gustavo em Garopaba (SC), suspeita de aplicar golpe semelhante em todo país. Quatro mandados de busca foram cumpridos em Balneário Camboriú e Garopaba.
A polícia apreendeu veículos de luxo e documentos. O prejuízo total das vítimas ultrapassa R$ 1,5 milhão, segundo a Delegacia de Defraudações de SC. A empresa operava por meio de um site que facilitava a cópia do código de barras dos boletos já com descontos aplicados.
Gustavo Real Rabelo e associados já respondem a investigações por fraudes bancárias. Agora, as polícias dos dois estados trabalham para reunir provas, rastrear o dinheiro e formalizar novas denúncias.
A coluna procurou Gustavo via ligações e mensagens, mas ele não respondeu. O espaço segue aberto para manifestações.
