Líderes do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), um grupo político formado por países árabes, estão considerando a criação de uma aliança militar semelhante à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A iniciativa busca fortalecer as relações de defesa para enfrentar possíveis ameaças ao grupo, e ganhou força depois dos ataques israelenses no Catar. A agência oficial do CCG divulgou essa informação na quinta-feira, 18 de setembro.
O ataque israelense teve como objetivo eliminar líderes do Hamas, um grupo palestino, que estavam reunidos em um escritório político em Doha, capital do Catar, para discutir um possível cessar-fogo com Israel. Países ocidentais condenaram a ação, e as nações árabes demonstraram apoio ao Catar, revivendo a ideia de criar uma aliança militar.
De acordo com o comunicado, “O Conselho de Defesa Conjunto do CCG convocou uma reunião emergencial em Doha para analisar a situação de segurança dos países membros diante da agressão israelense contra o Estado-irmão do Catar, e para orientar o Comando Militar Unificado a tomar as medidas necessárias para ativar a defesa conjunta”.
O documento também enfatiza que qualquer agressão contra o Catar é considerada uma agressão contra todos os países do CCG.
A reunião de emergência ocorreu na segunda-feira, 15 de setembro, com a participação dos líderes dos seis países do conselho: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrein, Catar e Omã. Durante o encontro, discutiram-se os impactos da ofensiva israelense e a violação da soberania do Catar, além dos riscos à segurança regional.
O CCG avaliou que a ofensiva representa uma escalada perigosa e inaceitável, infringindo os princípios do direito internacional conforme a Carta das Nações Unidas.
O site Breaking Defense entrevistou o coronel Zafer Al Ajami, do Kuwait, que comentou sobre a possibilidade de criação de uma Otan árabe. Ele destacou que, embora o ataque tenha acentuado a necessidade de cooperação em defesa, diferenças políticas internas podem dificultar a formação de uma aliança formal.
O coronel explicou que interesses conflitantes e questões de soberania já impediram iniciativas semelhantes no passado, como a proposta egípcia de 2015, que tentou criar uma aliança para enfrentar ameaças no Iêmen.
Segurança nos países árabes
Após o ataque israelense, os países árabes intensificaram suas medidas de segurança. O Catar, atuando como mediador de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, vê a ofensiva como um ataque aos seus esforços diplomáticos.
Os membros do CCG concordaram que a segurança é indivisível e propuseram ações como:
- fortalecer o intercâmbio de informações militares por meio de um comando unificado;
- compartilhar dados sobre a situação aérea entre os centros de operações;
- acelerar a implementação do sistema de alerta contra mísseis balísticos;
- atualizar os planos de defesa conjunta em coordenação com os comitês militares.
O ataque em Doha
O exército israelense atingiu o escritório político do Hamas em Doha, visando eliminar líderes do grupo que negociavam o cessar-fogo. Entre os sobreviventes está Khalil al-Hayya, um importante negociador do cessar-fogo na Faixa de Gaza. Seis membros do Hamas foram mortos nos ataques.
O governo do Egito, que media as negociações, declarou que o ataque viola claramente o direito internacional e desrespeita a soberania do Catar.
As forças israelenses afirmaram que os alvos estavam envolvidos em atividades terroristas e eram responsáveis pelos ataques de 7 de outubro e pela condução da guerra contra Israel.