DIEGO FELIX
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A controladora da Gol, Abra, anunciou na quinta-feira (25) que parou as negociações para juntar a Gol e a Azul, o que teria criado a maior companhia aérea do Brasil.
Logo depois, a Azul confirmou que também encerrou as conversas com a Abra.
Em janeiro, as duas empresas tinham assinado um acordo inicial para estudar essa fusão. Porém, mesmo com as negociações acontecendo enquanto a Azul estava em recuperação judicial nos EUA, as conversas não avançaram como o esperado.
A Gol enviou uma carta à Azul dizendo que estava aberta para continuar as discussões, mas as mudanças nas operações das empresas após a assinatura do acordo dificultaram o avanço da negociação.
A Abra informou por escrito que encerrou as conversas sobre a fusão, mas disse que continua acreditando que essa união pode acontecer no futuro e está disponível para conversar com as partes interessadas.
A Azul ainda não comentou sobre o assunto.
Além disso, a Gol pediu à Azul para cancelar o acordo de compartilhamento de voos que haviam firmado em maio de 2024, que permitia conectar as rotas das duas companhias.
A Gol garantiu que honrará todos os bilhetes vendidos nessa parceria, e a Azul confirmou que fará o mesmo.
A Azul reafirmou seu compromisso em fortalecer sua situação financeira e disse que informará aos acionistas e ao mercado sobre qualquer novidade importante relacionada ao fim das conversas da fusão e do acordo de cooperação comercial.
No início de setembro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pediu que as companhias formalizassem o acordo de compartilhamento de voos e alertou que, se isso não fosse feito em 30 dias, as operações seriam suspensas.
O presidente do Cade, Gustavo Augusto, comentou que as empresas deveriam evitar falar publicamente sobre uma fusão a menos que estivessem realmente preparadas para efetivá-la.
Ele também destacou que é preocupante quando uma empresa com posição dominante no mercado fala sobre uma fusão sem entregar uma proposta concreta às autoridades reguladoras.
No começo do ano, a expectativa era que a operação conjunta começasse em 2026, após a análise das autoridades competentes.
A ideia inicial era que as duas companhias tivessem igual participação na empresa, mas a Gol teria menor controle devido às suas dificuldades financeiras, e a gestão seria compartilhada entre as duas.
Nos primeiros meses de 2025, a Azul teve lucro de R$ 1,29 bilhão, revertendo o prejuízo de R$ 3,56 bilhões do ano anterior. Segundo o CEO John Rodgerson, a Azul tem recursos para sair da recuperação judicial, mas pode buscar mais recursos no mercado.
Já a Gol teve prejuízo de R$ 1,5 bilhão no segundo trimestre, 60,8% menor que no mesmo período anterior, e saiu da recuperação judicial em junho.