Com quase cinco meses de gravidez, Fabiana Maria Silveira Saccab, de 41 anos, preparava uma festa para o aniversário do filho Davi, de 10 anos, e esperava ansiosamente a chegada da filha Sara. Ao chegar ao aeroporto nos Estados Unidos para a comemoração, foi surpreendida por uma notícia devastadora: exames de rotina indicaram leucemia linfoide aguda (LLA), um câncer raro e agressivo no sangue.
“Fiquei desesperada ao receber o diagnóstico. O que deveria ser uma celebração tornou-se um pesadelo”, relembra Fabiana. A doença trouxe à tona lembranças dolorosas, pois ela perdeu a mãe para o mesmo câncer quando tinha 10 anos. Agora, com uma filha no ventre e um filho da mesma idade que ela tinha na época da perda, precisou reunir coragem para enfrentar o tratamento.
Durante toda a gestação, Fabiana realizava exames mensais que até maio de 2024 estavam normais. No entanto, os sintomas pioraram, com enjoos intensos e sensação constante de desmaio. Sem sair do aeroporto, ela voltou para o Brasil e foi internada no Hospital Samaritano Higienópolis, em São Paulo, onde iniciou três ciclos de quimioterapia enquanto ainda grávida.
A filha, Sara, nasceu prematura em 3 de julho de 2024, com pouco menos de 30 semanas, permanecendo dois meses na UTI neonatal sob cuidados especializados.
O que é leucemia linfoide aguda (LLA)
A leucemia linfoide aguda é um câncer que afeta a produção dos glóbulos brancos, prejudicando o sistema imunológico. Durante a gravidez, o tratamento deve ser cuidadosamente planejado para proteger mãe e bebê.
Esta doença pode causar fadiga, palidez, febre, perda de peso, dores nos ossos e facilidade para hematomas e sangramentos. O tratamento envolve quimioterapia e, em alguns casos, transplante de medula óssea.
Desafio no tratamento
A equipe médica teve que equilibrar a urgência do tratamento oncológico para salvar a mãe com a proteção do bebê. Cada decisão foi tomada com muito cuidado para garantir a segurança de ambos.
Fabiana inicialmente entrou em remissão, mas a doença retornou antes que pudesse fazer o transplante devido à gravidez. Para iniciar um novo protocolo, o parto foi antecipado e a bebê, com cerca de 1,2 kg, recebeu cuidados intensivos. Em outubro de 2024, Fabiana recebeu transplante de medula óssea da irmã mais velha e, após quatro meses, teve alta hospitalar.
Casos como o de Fabiana são complexos e exigem acompanhamento multidisciplinar rigoroso, com muita atenção para minimizar riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.
Phelipe Saccab, marido de Fabiana e cardiologista, acompanhou todo o processo de perto. Ele ressalta: “Minha filha recebeu quimioterapia ainda na barriga da mãe e não apresentou sequelas. Apesar da dificuldade, mantemos a esperança.”
Hoje, Sara cresce saudável e caminha ao lado do irmão Davi, agora com 11 anos. Fabiana continua o acompanhamento médico, vivendo cada dia com gratidão e otimismo. “Foi a maior batalha da minha vida, mas ver meus filhos me faz acreditar que valeu a pena”, conclui.