Um novo curativo em gel pode revolucionar o tratamento de feridas em pessoas com diabetes, que normalmente demoram a cicatrizar. A inovação combina vesículas extracelulares especiais com um hidrogel chamado GelMA, criando um sistema que restaura o fluxo sanguíneo e promove o fechamento das lesões de forma mais rápida.
Testes feitos com camundongos diabéticos mostraram que o gel fechou 90% da área da ferida em apenas 12 dias. Esse processo foi acompanhado de um grande aumento na formação de vasos sanguíneos, fundamental para a regeneração dos tecidos.
O estudo, publicado na revista científica Burns & Trauma em 13 de junho, foi conduzido por pesquisadores de instituições da China. A técnica ainda está em fase experimental, mas traz novas possibilidades para o tratamento de feridas difíceis de cicatrizar.
Como o gel funciona no corpo
O gel contém dois componentes principais: vesículas extracelulares e o hidrogel GelMA. As vesículas, pequenas estruturas que funcionam como pacotes de entregas dentro do corpo, transportam moléculas que ajudam as células a se comunicar e reparar os tecidos.
Nessas vesículas, os cientistas inseriram o microRNA miR-221-3p, um fragmento pequeno do material genético que regula proteínas celulares. Esse microRNA reduz a produção de uma proteína chamada trombospondina-1 (TSP-1), que dificulta a formação de novos vasos sanguíneos.
O hidrogel GelMA serve como base para manter as vesículas no local da ferida e liberar seu conteúdo lentamente. Isso garante que a ação reparadora dure por mais tempo, estimulando a circulação e acelerando a recuperação dos tecidos.
Resultados dos testes e próximos passos
Os testes em camundongos mostraram que o curativo em gel é mais eficaz do que os tratamentos convencionais. Em menos de 14 dias, as feridas estavam quase completamente fechadas e apresentavam mais vasos sanguíneos, essenciais para levar oxigênio e nutrientes à área lesionada.
De acordo com os pesquisadores, essa tecnologia atua diretamente na causa do problema — a dificuldade em criar novos vasos —, não apenas nos sintomas. Isso aumenta a chance de cicatrização total e diminui o risco de que a ferida volte a abrir.
Embora os resultados sejam promissores, o tratamento ainda é experimental. Testes clínicos serão necessários para garantir a segurança, eficácia e identificar possíveis efeitos colaterais em humanos.
Além disso, os pesquisadores precisam verificar se a produção em larga escala do gel é viável e qual seria o custo. Se funcionar em humanos, o método poderá ser adaptado para outras feridas crônicas e até para ajudar na regeneração de ossos e cartilagens.