O Governo do Distrito Federal organizou uma exibição especial do filme Hora do Recreio, dirigido por Lúcia Murat (2025), para cerca de 400 alunos que estudam em tempo integral em escolas públicas. Esse evento faz parte do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e integra o projeto Territórios Culturais, uma colaboração entre a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF) e a Secretaria de Educação (SEEDF), que leva professores aos espaços culturais e museus para atividades educativas.
O documentário mistura elementos de ficção e realidade para discutir os problemas da educação pública no Brasil, visto pelos olhos de adolescentes entre 14 e 19 anos. O filme trata de temas importantes como violência, racismo, feminicídio e evasão escolar, baseando-se nas experiências de jovens de favelas do Rio de Janeiro. Além disso, mostra a criação e apresentação de uma peça de teatro inspirada no livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, conectando literatura, arte e questões sociais.
Estudantes de seis escolas públicas participaram da sessão: CEM 01 do Guará, CEM 2 de Ceilândia, CEM 01 do Riacho Fundo, Escola Industrial de Taguatinga, Centro Educacional Irmã Maria Regina Velanes Regis e CED Incra 08. Após o filme, os jovens tiveram a oportunidade de debater com a diretora Lúcia Murat, aprofundando as discussões sobre os temas abordados.
Lúcia Murat, que recebeu o Prêmio Leila Diniz no festival – uma homenagem para mulheres que se destacam no cinema nacional –, ressaltou a importância de levar esse filme aos estudantes da rede pública. Ela declarou que é essencial criar políticas que garantam a esses jovens acesso a sessões de cinema em boas condições, com som e imagem de qualidade, para que possam se reconhecer e refletir sobre suas realidades. A cineasta destacou que seu trabalho busca provocar perguntas e discussões entre os jovens.
Entre os alunos, Ana Clara da Silva Cardoso, do terceiro ano do ensino médio, contou que a sessão emocionou todos os presentes. Ela destacou que o filme abordou temas delicados de maneira leve, tocando profundamente os espectadores. Relatou ainda que sua turma produziu um curta-metragem para o Dia da Consciência Negra e sentiu-se conectada com a mensagem do filme. Isso a motivou a pensar em se dedicar ao audiovisual, percebendo seu potencial para dialogar com a realidade.
A professora Silvia Eulália de Sousa Leite, que acompanhou os estudantes, afirmou que o filme criou um espaço importante para que os jovens pudessem se expressar e se sentir representados. Essa experiência fortaleceu a autoestima deles e os incentivou a falar sobre suas vivências. Para ela, são esses jovens que terão um papel fundamental na transformação do país.
Ela completou destacando que a atividade vai além do aspecto cultural e tem um impacto direto na educação. Ver os estudantes atentos, debatendo e emocionados é uma recompensa que renova a esperança de que essa geração terá condições de mudar o Brasil.