O Governo do Distrito Federal (GDF) inaugurou uma fábrica especializada na criação do mosquito Aedes aegypti infectado com a bactéria Wolbachia. Essa bactéria impede que os mosquitos transmitam doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. A unidade, chamada Núcleo Regional de Produção Oswaldo Paulo Forattini – Método Wolbachia, está localizada no Guará e foi criada com um investimento de R$ 400 mil. Essa ação representa um esforço do GDF para diminuir a transmissão dessas doenças em Brasília.
Celina Leão, governadora em exercício, explicou que 22 equipes já começaram a soltar os primeiros mosquitos com Wolbachia nesta semana. Ela ressaltou a inovação e o uso de novas tecnologias, afirmando que a população do Distrito Federal será a principal beneficiada, com o objetivo de eliminar a dengue na região.
A liberação dos mosquitos tubérculos já começou e os efeitos devem ser notados no início da temporada de chuvas, quando a população dos mosquitos transmissores deve diminuir. É importante lembrar que esse processo não envolve manipulação genética e que a Wolbachia não afeta humanos nem outros animais domésticos.
O projeto prevê a soltura dos mosquitos infectados em dez regiões administrativas do DF, incluindo Planaltina, Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá e Itapoã. Além disso, as cidades goianas de Luziânia e Valparaíso também serão contempladas, por serem áreas com maior incidência de dengue.
Juracy Lacerda, secretário de Saúde, destacou que a nova fábrica reforça a capacidade do DF para combater epidemias. Ele ressaltou que o método é seguro, sustentável e reduz a necessidade de uso de pesticidas químicos. Essa tecnologia já é usada com sucesso em vários lugares do Brasil e no mundo, com estudos mostrando até 70% de queda nos casos de dengue. A Secretaria de Saúde também está utilizando ferramentas para monitorar os focos dos mosquitos, aumentando a eficiência do combate à doença.
O processo de produção é semelhante a uma linha de montagem: os ovos dos mosquitos chegam encapsulados e são colocados em potes com água e alimento em ambiente controlado. Quando os mosquitos atingem a fase adulta, são levados para serem soltos em áreas específicas. Ao reproduzirem-se, eles transmitem a Wolbachia às gerações seguintes, o que dificulta a circulação dos vírus entre as pessoas. Este mês, a previsão é produzir mais de 600 milhões de mosquitos com a bactéria.
Alexandre Padilha, ministro da Saúde, participou da inauguração e afirmou que esta iniciativa faz parte de uma estratégia nacional para combater arboviroses. Ele citou dados de projetos anteriores que mostraram redução de até 69% nos casos de dengue com o uso da Wolbachia. A primeira fase da liberação impactará cerca de 700 mil pessoas no DF e regiões próximas. O ministro reforçou a importância de manter os cuidados tradicionais contra a doença, além da mobilização das comunidades.
Como funciona o método
Os ovos dos “mosquitos amigos”, infectados com Wolbachia, vêm de Curitiba (PR) encapsulados. Na fábrica do DF, esses ovos são colocados em potes com água e alimento, com um sistema que garante ventilação e segurança. Em um ambiente com temperatura controlada de cerca de 30ºC, os ovos se desenvolvem até virar mosquitos adultos, num período de 7 a 14 dias. Depois eles são transportados e liberados para se reproduzirem com os mosquitos selvagens. Ao cruzarem, os machos infectados impedem a procriação desses mosquitos transmissores, ajudando a diminuir a população dos vetores.
Essa tecnologia representa um avanço importante na luta contra a dengue, utilizando métodos naturais e inovadores para proteger a saúde da população.