Motoristas e taxistas que atuam por meio de aplicativos digitais trabalham, em média, 12,2% a mais por semana comparados aos que não usam essas plataformas. Da mesma forma, motociclistas que utilizam apps para seu trabalho desempenham jornadas 9,4% maiores do que os que não dependem desses serviços. Em termos de pagamento, a remuneração por hora para motociclistas por aplicativo é de R$ 10,8, enquanto motoristas de apps ganham R$ 13,9 por hora.
Essas informações são parte do módulo Trabalho por meio de plataformas digitais – 2024, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 17 de março de 2024.
O levantamento identificou que, entre os condutores de automóveis, 43,8% (cerca de 824 mil pessoas) realizam seu trabalho via aplicativo, enquanto 56,2% (1,059 milhão) não utilizam essas ferramentas digitais. Já entre os motociclistas, 33,5% (351 mil) trabalham com apps de entrega, e 66,5% (698 mil) não utilizam esses recursos.
Além disso, apenas 25,7% dos motoristas por aplicativo contribuem para a previdência social, contra 56,2% dos motoristas tradicionais. Entre os motociclistas que usam apps, 21,6% contribuem para a previdência, enquanto 36,3% dos que não usam app fazem essa contribuição.
Controle dos aplicativos sobre o trabalho
O IBGE define trabalho plataformizado como aquele em que a plataforma digital supervisiona aspectos essenciais, como o acesso aos clientes, avaliação do serviço, ferramentas usadas, pagamentos e a organização das tarefas a serem realizadas. Segundo o IBGE, motoristas e entregadores via aplicativo demonstram grande dependência desses sistemas para o desempenho de suas funções.
Nesse modelo, 91,2% dos motoristas por aplicativo relataram que o pagamento é definido pela plataforma, assim como 81,3% dos entregadores e 79,4% dos taxistas que usam apps. Além disso, os trabalhadores dependem fortemente dos aplicativos para decidir quais clientes atender, como receber os pagamentos e prazos para concluir as tarefas.
O IBGE ressalta que esses trabalhadores possuem autonomia limitada sobre o exercício de suas atividades, principalmente aqueles que atuam em transporte particular de passageiros e entregas por apps.
Também foi observada a influência dos aplicativos nas horas trabalhadas, em que estratégias como incentivos, promoções, ameaças de punições e sugestões de turnos impactam a jornada dos trabalhadores.
Apesar da oferta de flexibilidade para escolher horários e locais de trabalho, o IBGE destaca que trabalhadores por aplicativo geralmente têm jornadas semanais mais longas que aqueles que não usam essas plataformas.
Em 2024, 55,8% dos motoristas por aplicativo e 50,1% dos entregadores afirmaram que suas jornadas são influenciadas por incentivos e promoções dos apps. Mais de 30% também relataram sofrer ameaças de punições ou bloqueios pelas plataformas.
Por outro lado, 78,5% dos motoristas de app disseram que podem escolher livremente seus dias e horários de trabalho, o que influencia positivamente sua jornada.
Estadão Conteúdo