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quarta-feira, 08/10/2025

Gangues de pichadores planejam ataque ao Congresso e são alvo da PCDF

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Em Brasília

Nas primeiras horas desta quarta-feira (8/10), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) realizou uma operação em Brasília com o objetivo de desmantelar duas das principais gangues de pichadores, que há anos desafiam as autoridades e sujam a capital do país com inscrições ilegais.

Coordenada pela 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), a ação cumpriu 12 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão. Os investigados pertencem aos grupos criminosos Legião Unidade pela Arte (LUA) e Grafiteiros Sem Lei (GSL), organizações rivais que disputam espaço na cidade e reconhecimento no universo da pichação.

Além de danificar prédios históricos e monumentos protegidos, a pichação é vista pelos envolvidos como uma competição intensa. A reputação dos pichadores está ligada à localização das marcas deixadas: quanto mais alto, perigoso ou vigiado o local, maior é o prestígio conquistado.

Os edifícios visados geralmente simbolizam o poder em Brasília, incluindo sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de prédios da Polícia Federal, Polícia Civil (PCDF) e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A corporação considera essas ações uma afronta direta às instituições.

Núcleo central

As investigações, que duraram cerca de seis meses, identificaram o núcleo dos grupos. A gangue LUA, fundada em 1999, já contou com centenas de membros que deixaram marcas em muros, residências, prédios públicos e cartões-postais de Brasília.

Alguns dos locais pichados pelo LUA incluem a Ponte JK, a Catedral Metropolitana, o Senado Federal e propriedades do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

Em 25 de janeiro deste ano, foi registrada uma ação ousada: pichadores cobriram com inscrições os tapumes metálicos que cercavam uma obra do TJDFT. Além disso, a gangue marcou pilares da Ponte JK, viadutos e túneis recentemente inaugurados pelo Governo do Distrito Federal.

Impacto na cidade

A disputa entre LUA e GSL pelo título de grupo mais audacioso fez de Brasília um palco para um conflito silencioso, mas visível nos muros e monumentos. Para os investigadores, os alvos não são escolhidos ao acaso, representando uma tentativa de demonstrar coragem e superioridade contra rivais e poder público.

Para a população, entretanto, isso representa uma agressão à cidade, à arquitetura de Brasília e ao patrimônio cultural. Um dos policiais envolvidos na operação afirmou: “Eles confundem ousadia com vandalismo”.

Segundo a PCDF, a operação desta quarta-feira marca um avanço no desmantelamento da estrutura dessas gangues. Os mandados foram executados em diversas regiões administrativas do Distrito Federal.

Ofensiva da PCDF

Além das prisões, foram recolhidos itens como latas de spray, cordas, mochilas e fotos que serviam como troféus para os criminosos. A Polícia Civil destacou que a investigação não buscou apenas os responsáveis pelas pichações, mas também quem planejava e incentivava os ataques contra o patrimônio público.

Os dez presos responderão por associação criminosa e dano qualificado ao patrimônio público e privado, com penas mais severas em casos que envolvam patrimônio tombado, como a Catedral de Brasília.

O delegado-chefe da 3ª DP, Victor Dan, líder da investigação, ressaltou a necessidade de ações contínuas devido à facilidade com que jovens são atraídos por essas gangues em busca de status.

“Nosso objetivo é mostrar que essas atitudes têm consequências. Eles não apenas sujam a cidade, mas também atacam símbolos nacionais, ofendem a memória cultural e desrespeitam a sociedade”, afirmou ele.

Rivalidade

A pichação em Brasília é um problema persistente, alimentado pela rivalidade entre grupos e pelo fácil acesso a materiais. A história da LUA, ativa há mais de duas décadas, mostra o desafio de extinguir esse movimento.

Enquanto as autoridades buscam intensificar a fiscalização e a punição, a população enfrenta o dilema de viver em uma cidade reconhecida mundialmente por sua arquitetura inovadora, porém constantemente danificada por pichações que transformam monumentos em pontos de conflito criminoso.

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