NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
Em meio à tensão entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Congresso Nacional, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (26) que percebe uma forte vontade dos Poderes para encontrar soluções estruturais para a questão fiscal.
“Em todas as oportunidades em que conversei, seja com o presidente Lula, o ministro Fernando Haddad, o presidente Hugo Motta ou o presidente Davi Alcolumbre, sempre encontrei grande interesse em buscar propostas estruturais para os temas fiscais”, explicou.
Galípolo vê o debate fiscal no país de forma positiva. “O aspecto favorável é que está ocorrendo uma discussão sobre o assunto. O tema principal que domina a cobertura econômica é como implementar medidas estruturantes que garantam a sustentabilidade da evolução da dívida pública. Isso é muito encorajador”, complementou.
O governo de Lula sofreu uma derrota significativa na quarta-feira (25), quando o Congresso derrubou os três decretos que alteravam as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Em entrevista ao videocast semanal da Folha, C-Level Entrevista, o ministro Fernando Haddad declarou que o governo está considerando três opções como resposta: recorrer à Justiça contra a decisão do Congresso, buscar uma nova fonte de receita ou promover um novo corte no Orçamento, que afetaria a todos.
A alta do IOF gerou conflito entre Haddad e Galípolo. Em maio, o presidente do BC expressou sua posição pessoal de resistência a mudanças no IOF para atingir objetivos fiscais, defendendo que o imposto não deveria ser usado para aumentar receita nem para apoiar a política monetária.
Ao comentar essas declarações no contexto recente, Galípolo explicou que na ocasião referia-se especificamente à possibilidade de a medida criar algum tipo de impacto na mobilidade de capitais. “Minha observação focava mais nesse aspecto do IOF, e não no imposto de forma geral”, concluiu.