MATHEUS DOS SANTOS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, manifestou apoio nesta terça-feira (25) ao acordo de R$ 300 mil feito entre a autarquia e Roberto Campos Neto neste ano, relacionado a problemas de segurança no banco Santander.
Ele explicou que esses acordos não são leniência. “O Banco Central não tem esse estatuto e não pode fazer acordos de leniência. Ele realiza termos de compromisso, sem interromper investigações criminais”, explicou a parlamentares na sessão da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Galípolo se referiu à discussão de que o acordo entre o Banco Central e Campos Neto poderia ter bloqueado uma investigação contra o ex-presidente da instituição.
O acordo, assinado em junho deste ano, exigiu que Campos Neto pagasse R$ 300 mil ao BC por falhas na supervisão das operações de câmbio do Santander, quando ele era funcionário do banco.
O termo mencionava “supostas práticas” em que não houve verificação adequada da legalidade das operações cambiais nem da qualificação dos clientes do banco Santander, que pagou R$ 19,4 milhões pelas irregularidades. Tentativas de contato com Campos Neto pelo Nubank, onde atua como vice-chairman desde 2025, não tiveram resposta.
Em nota, o Santander afirmou que o acordo não significa reconhecimento de infração, mas representa um compromisso para reforçar processos e sistemas de controle preventivo.
Esse tipo de termo, criado pelo Banco Central em 2017, é um contrato administrativo que não julga culpa e não tem impacto penal, oferecendo uma solução consensual para conflitos, sem litígio.
Ailton de Aquino Santos, diretor de fiscalização do Banco Central, disse que já foram assinados mais de 120 termos de compromisso, mas esse foi o primeiro envolvendo um ex-presidente do BC. “Todo o processo foi cumprido dentro da governança aplicável”, afirmou.
O diretor ressaltou que a infração atribuída a Campos Neto não foi considerada grave. Sobre suspeitas de lavagem de dinheiro ou crime, ele explicou que, caso fosse o caso, o BC não teria firmado o termo de compromisso e teria informado o Ministério Público.
Campos Neto trabalhou cerca de 18 anos no Santander, com passagem pela gestora Claritas, e entre 2000 e 2003 foi chefe da área de renda fixa internacional do banco.
Na época das irregularidades investigadas, ele era diretor de Tesouraria do Santander, e o banco assumiu o valor da compensação acordada.
