Ao comentar os ataques realizados por Israel no Irã nesta terça-feira (17/6), durante o quinto dia do confronto aberto entre os dois países do Oriente Médio, Friedrich Merz, chanceler federal da Alemanha, expressou gratidão a Israel por realizar o que chamou de “tarefa difícil” em nome do Ocidente.
“Este é o trabalho duro que Israel realiza por todos nós”, declarou Merz, que se encontra no Canadá para participar da cúpula do G7, grupo formado por potências industriais do Ocidente, incluindo Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.
“Só posso expressar grande respeito pela coragem do Exército israelense e do governo israelense ao assumir essa responsabilidade”, acrescentou em entrevista à emissora alemã ZDF. “Caso contrário, poderíamos continuar testemunhando o terrorismo deste regime por meses ou anos, possivelmente com uma arma nuclear em mãos.”
Merz ressaltou que o regime iraniano também afeta outros países, referindo-se ao governo do aiatolá Ali Khamenei. Ele criticou a República Islâmica por espalhar “morte e destruição” globalmente, destacando seu apoio a grupos radicais como o Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, na Faixa de Gaza – este último responsável pelo ataque terrorista de 7 de outubro de 2023 contra Israel, que iniciou o atual conflito em Gaza.
Além disso, Merz mencionou os drones fornecidos pelo Irã à Rússia para uso na guerra contra a Ucrânia.
Previsão de queda do regime iraniano
Em entrevista à ZDF, o chanceler expressou sua crença de que os ataques israelenses podem enfraquecer o regime dos mulás e conduzir à sua queda, afirmando que “seria positivo que esse regime chegasse ao fim”.
“Estamos lidando com um regime terrorista tanto interna quanto externamente”, defendeu. “Presumo que as recentes ofensivas já diminuíram significativamente a força do regime iraniano, tornando o futuro do país incerto.”
Ao mesmo tempo, Merz defendeu a retomada das negociações com o Irã, que atualmente discute com os Estados Unidos um acordo para limitar seu programa nuclear, embora essas conversas tenham sido prejudicadas pelos ataques israelenses.
“Ainda há possibilidade de que a parte do governo iraniano que seja capaz de agir retorne à mesa de negociações. A oferta permanece”, afirmou. A decisão, disse, cabe ao governo em Teerã. “Se o Irã não estiver disposto a negociar, Israel continuará sua ação até o final.”
Posições do G7
A Alemanha é um dos principais aliados de Israel, chegando a apoiar publicamente o governo israelense em processos legais internacionais.
O presidente francês, Emmanuel Macron, adotou uma postura mais cautelosa, condenando ações militares contra o Irã que possam provocar mudanças de regime e caos no país. Ele pediu um cessar-fogo e a retomada das negociações sobre o programa nuclear iraniano.
“Não queremos que o Irã possua arma nuclear”, enfatizou Macron. “Porém, o pior erro seria usar ataques militares para derrubar o regime, pois isso traria instabilidade.”
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por sua vez, pressionou o líder supremo iraniano a renunciar, afirmando que sabe onde ele está e que, embora não planeje assassiná-lo por enquanto, espera a rendição completa do Irã.
Contexto dos ataques e programa nuclear
Israel justificou seus ataques afirmando a necessidade de impedir que o Irã desenvolva armas nucleares, o que o governo iraniano nega, alegando que seu programa tem fins civis conforme o Tratado Internacional de Não Proliferação.
Israel, que não é signatário deste tratado, é considerado o único país no Oriente Médio com armas nucleares, embora Tel Aviv não confirme oficialmente essa informação.
Antes dos ataques, o Irã foi advertido pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pela primeira vez em 20 anos por não cumprir obrigações do tratado.
Os ataques israelenses resultaram em pelo menos 224 mortes e mais de 1.200 feridos no Irã, incluindo comandantes militares e cientistas nucleares. Em Israel, ataques iranianos mataram ao menos 24 pessoas e feriram 592.