NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
Um fundo internacional de 80 milhões de euros, aproximadamente R$ 500 milhões, foi criado pela Bloomberg Philanthropies, o governo federal e o BTG Pactual para incentivar a troca dos ônibus urbanos movidos a diesel por ônibus elétricos no Brasil.
A iniciativa foi anunciada no Fórum de Líderes Locais da COP30, realizado no Rio de Janeiro, e tem como objetivo facilitar o acesso das cidades a financiamentos privados para acelerar a mudança para o transporte público que não emite poluentes.
O Fundo de Melhoria de Crédito para Ônibus Elétricos pretende liberar cerca de 450 milhões de euros (R$ 2,7 bilhões) em empréstimos ao longo de seis anos, montante suficiente para financiar mais de 1.700 ônibus elétricos e sua infraestrutura de recarga.
Esse investimento representa um aumento de 235% na frota atual de ônibus elétricos no Brasil, que hoje está concentrada principalmente em São Paulo. O projeto conta com a parceria do WRI Brasil, Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), C40 Cities e Catalytic Finance Foundation.
O fundo conta com um aporte inicial de 24 milhões de euros (R$ 150 milhões) do BTG Pactual e uma subvenção de primeira perda do Mitigation Action Facility, um mecanismo internacional que apoia financeiramente projetos de combate às mudanças climáticas.
O objetivo é diminuir o risco dos empréstimos para que empresas de transporte público e governos locais consigam obter crédito mais acessível para substituir os ônibus movidos a diesel por modelos elétricos.
Michael Bloomberg, enviado especial da ONU para Ação Climática, ressaltou que o projeto brasileiro é um exemplo de como a parceria entre governos e o setor privado pode acelerar resultados no combate às mudanças climáticas.
“Este fundo ajudará a implantar ônibus de emissão zero em cidades por todo o país, mostrando que o progresso é mais rápido quando os líderes locais e empresários são tratados como parceiros”, disse Bloomberg.
O modelo pretende ser referência para outros países em desenvolvimento que enfrentam desafios para financiar infraestrutura sustentável. As cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Belo Horizonte serão as primeiras a se beneficiar.
O ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que as políticas urbanas são cruciais para avançar em medidas de combate e adaptação às mudanças climáticas. O secretário de Meio Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Adalberto Maluf, destacou que a eletrificação das frotas melhora a qualidade do ar e torna as cidades mais silenciosas e saudáveis.
A gestão do fundo ficará a cargo da BTG Pactual Asset Management, escolhida após uma seleção internacional coordenada pelo WRI e pela Catalytic Finance Foundation, com apoio da Bloomberg Philanthropies e da C40.
Luis Antonio Lindau, diretor do WRI Brasil, disse que quase 90% do transporte público no Brasil é feito por ônibus urbanos e que a transição para ônibus elétricos é fundamental para melhorar a vida de milhões de pessoas e para que o país alcance a meta de emissão líquida zero até 2050.
