IDIANA TOMAZELLI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
Os trabalhadores dos Correios não aceitaram a oferta de acordo coletivo apresentada pela empresa durante a mediação no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Agora, a negociação seguirá para o dissídio coletivo, uma ação judicial que visa resolver impasses quando empregadores e funcionários não conseguem chegar a um acordo sobre as condições de trabalho. Isso significa que o TST determinará quais cláusulas integrarão o acordo coletivo.
O presidente do TST, ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, convocou os ministros da Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) para estarem prontos para julgar o caso imediatamente, mesmo no recesso do Judiciário. Isso mostra que o tema terá prioridade e poderá ser analisado rapidamente.
Segundo o tribunal, essa convocação é necessária devido ao risco de greve, que, mesmo que restrita a algumas regiões, pode afetar serviços em um período importante para o país, como as festas de fim de ano.
Na votação realizada na última terça-feira (23), a maioria dos sindicatos rejeitou a proposta e aprovou a convocação de uma greve nacional. O resultado foi dividido: 18 sindicatos votaram contra a proposta, sendo que um deles não confirmou a greve, enquanto 16 aprovaram a oferta.
Os Correios comunicaram aos funcionários que, com esse resultado, a negociação direta termina, cumprindo todas as etapas previstas, e que agora a empresa atuará legalmente para garantir a continuidade do processo.
Antes das assembleias, a estatal divulgou um vídeo com mensagem da diretora de Gestão de Pessoas dos Correios, Natália Mota, na qual ela pediu uma decisão consciente dos trabalhadores.
“A situação da empresa é conhecida e uma paralisação pode trazer riscos reais para a operação e a recuperação da companhia”, afirmou ela. O vídeo já contabiliza mais de 13 mil visualizações.
De acordo com Natália Mota, a proposta foi a melhor possível considerando a situação atual. “Não é a proposta ideal, mas é um esforço para preservar direitos importantes e garantir condições para a empresa se reerguer”, explicou.
A proposta do acordo coletivo prevê o fim do ponto por exceção para os carteiros a partir de 1º de agosto de 2026. Atualmente, essa cláusula assegura pagamento de hora extra para jornadas extras, sem necessidade de compensação quando saem mais cedo.
A empresa acredita que essa regra afeta a produtividade, já que não há como saber se correspondências não entregues são por ausência dos destinatários ou por jornada insuficiente de trabalho.
Também está prevista a eliminação do adicional triplo (200%) por horas extras em domingos e feriados, passando a ser pago o percentual previsto pela CLT, ou seja, 100% de adicional a partir de 1º de agosto de 2026. A bonificação de final de ano de R$ 2.500, conhecida como “vale-peru”, ficou de fora da proposta, o que desagradou os funcionários.
Por outro lado, os Correios concordaram em manter o adicional de 70% sobre as férias, enquanto a legislação vigente estabelece um terço.
Além disso, o acordo propõe reajuste salarial de 5,13% a partir de abril de 2026, retroativo a janeiro do mesmo ano. Em agosto de 2026, haverá um novo reajuste baseado na inflação acumulada nos 12 meses anteriores a julho. Se aprovado, o acordo terá validade de dois anos.

