CÉZAR FEITOZA E MATEUS VARGAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O ministro do Esporte, André Fufuca, acelerou a liberação de verbas em setembro e direcionou mais da metade dos recursos do ministério para o Maranhão, seu estado de origem, enquanto enfrenta pressão do PP para sair do governo do presidente Lula.
Fufuca planeja concorrer ao Senado e está usando sua posição para financiar a construção de quadras, estádios e espaços comunitários no Maranhão.
Até agora em 2025, o ministério destinou R$ 82 milhões para 75 dos 217 municípios do estado, representando 66% dos investimentos controlados diretamente por Fufuca, excluindo emendas parlamentares. Em contraste, nove estados ainda não receberam qualquer recurso do ministério, incluindo Acre, Amazonas e Tocantins.
Os recursos começaram a ser liberados com maior rapidez após o PP exigir que seus membros deixassem cargos no governo.
Em 2024, o Maranhão também liderou os repasses do ministério, embora o valor destinado naquele ano (R$ 40 milhões) seja menos da metade do total já empenhado em 2025.
Dados do Siga Brasil, sistema mantido pelo Senado com informações financeiras federais, confirmam esses números.
O ministério informa que a distribuição segue critérios técnicos baseados nas necessidades apresentadas por estados e municípios, e que atrasos no orçamento federal afetaram os repasses no início do ano.
Segundo a pasta, o Maranhão tem um déficit histórico em infraestrutura esportiva, posicionando-se na última colocação entre os estados brasileiros nesse quesito.
Fatores sociais, como baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), número elevado de beneficiários do Bolsa Família e inscritos no Cadastro Único, também são levados em conta para definir os investimentos.
O orçamento discricionário do ministério é dividido em duas partes: uma maior, de cerca de R$ 1,77 bilhão, destinada a emendas parlamentares sobre as quais Fufuca não tem controle de decisão, e outra, em torno de R$ 620 milhões, que inclui verbas do Novo PAC e recursos definidos diretamente pelo ministro para custear o ministério e investir em obras.
É justamente essa última parte que Fufuca está utilizando para direcionar recursos para o Maranhão, viabilizando até outubro 78 obras nos municípios do estado.
A Bahia é o segundo estado que mais recebeu recursos para obras, com 13 projetos financiados pelo ministério em 2025.
No início de setembro, a federação União Progressista anunciou sua saída da base do governo Lula, exigindo que seus membros renunciassem a cargos. O partido estabeleceu o dia 5 de outubro como prazo para Fufuca deixar o ministério, mas ele ainda não anunciou sua decisão e participou de um evento com o presidente em Imperatriz (MA) no dia 6.
Fufuca declarou publicamente seu apoio ao presidente durante o evento.
A liderança do PP ofereceu a Fufuca dois caminhos: deixar o governo e manter o comando do partido no Maranhão com poder para decidir candidaturas em 2026, ou ficar no governo e perder o controle do diretório estadual para outro político.
O dilema está relacionado às eleições de 2026, já que o ministério oferece visibilidade e recursos para viabilizar a candidatura ao Senado, mas o controle do partido é crucial para garantir essa candidatura.
Fufuca destaca nas redes sociais as obras realizadas pelo ministério no Maranhão, como a entrega da primeira Arena Brasil no estado, em Vargem Grande, e eventos em que celebra avanços em inclusão e qualidade de vida para a população local.