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sexta-feira, 03/10/2025




França intensifica fiscalização contra frota russa clandestina

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A França intensificou as ações contra a chamada “frota fantasma” russa ao confiscar o petroleiro Boracay, que era suspeito de violar sanções internacionais. O capitão, de nacionalidade chinesa, enfrentará julgamento por desobediência a autoridade policial, em uma investigação que destaca os riscos e estratégias usadas pela Rússia para garantir o transporte de petróleo durante o conflito. A audiência está marcada para 23 de fevereiro de 2026, no tribunal de Brest, conforme anunciado pelo Ministério Público após a prisão preventiva do comandante a bordo.

O Ministério Público de Brest iniciou investigação por falta de comprovação da nacionalidade e da bandeira do navio, além da recusa em obedecer a ordens policiais, resultando na detenção do capitão e seu imediato, ambos chineses. Somente o capitão será processado; o outro tripulante, agindo sob suas ordens, foi liberado.

O Boracay, que está parado na costa da Bretanha, é suspeito de integrar a “frota fantasma” russa — um agrupamento de navios que, desde o início da invasão à Ucrânia, facilita a Rússia a burlar sanções internacionais para exportar petróleo.

O petroleiro partiu do porto russo de Primorsk em 20 de setembro, navegou pelo Mar Báltico e Mar do Norte até se aproximar da costa francesa, onde foi monitorado e acompanhado por uma fragata francesa até alterar sua rota. O Kremlin negou informações sobre a embarcação, mas criticou ações consideradas provocativas de outros países.

A União Europeia calcula que essa frota clandestina seja formada por cerca de 444 navios. O Reino Unido sancionou 500 embarcações desde fevereiro de 2022 e os EUA, 183.

O governo britânico define essa frota como composta por navios que realizam operações ilegais para driblar as sanções, evitar normas de segurança ou ambientais, reduzir custos de seguros ou praticar outras ações ilícitas.

Essas frotas obscuras existiam antes do conflito na Ucrânia, usadas por países sancionados, como Irã, Venezuela e Coreia do Norte. Desde o começo da guerra em fevereiro de 2022, o número dessas embarcações aumentou significativamente, representando quase 17% dos petroleiros em operação, incluindo outros tipos de navios mercantes.

Dentre as sanções à Rússia estão: embargo ao petróleo russo, preço limitado para o produto e proibição do transporte marítimo de petróleo, visando bloquear o financiamento da guerra.

Para escapar dessas restrições, Moscou diminuiu sua dependência dos serviços marítimos ocidentais, passou a adquirir navios-tanque por canais indiretos e estabeleceu esquemas próprios de seguro.

As embarcações, porém, não possuem o seguro adequado (P&I), obrigatório para cobrir riscos como conflitos, acidentes ou danos ambientais.

Entre 90% e 95% do mercado de seguros P&I está sob controle de seguradoras da União Europeia e do Reino Unido, que aplicam sanções contra a Rússia. Elisabeth Braw, do Atlantic Council, alerta que os esquemas russos e iranianos são insuficientes, tornando o trabalho a bordo extremamente perigoso.

Emmanuel Macron, presidente francês, pediu maior pressão da Europa contra essa frota fantasma, após a apreensão do Boracay, que estaria sendo usado para escapar das sanções ocidentais.

O navio, que levava bandeira do Benim, foi confiscado na França no dia 27 de setembro e esteve ancorado na costa da Dinamarca no mês anterior, durante misteriosos voos de drones atribuídos à Rússia.

Macron afirmou que é fundamental aumentar a pressão para reduzir a capacidade da Rússia de financiar sua guerra na Ucrânia, declaração feita antes de uma cúpula europeia na capital dinamarquesa.




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