O Ministério francês das Relações Exteriores anunciou nesta quinta-feira que kits essenciais, assim como unidades para tratamento de água, serão entregues nos próximos dias pelas Forças Armadas às ilhas do Caribe, dentro do mecanismo de proteção civil da União Europeia, demonstrando solidariedade aos países caribenhos afetados pelo furacão Melissa.
Enquanto isso, as autoridades das Bahamas cancelaram o alerta de furacão para as ilhas centrais e do sul, além das ilhas Turcas e Caicos.
Desde quarta-feira (29/10), Cuba tem se dedicado a limpar ruas inundadas e repletas de destroços. Moradores de Santiago de Cuba, a segunda maior cidade do país, se unem para remover árvores e galhos que bloqueiam as vias, conforme relatado pela AFP.
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, afirmou que os danos foram significativos, com partes de casas destruídas e muitos postes caídos, deixando a cidade sem eletricidade. Os rios transbordaram, e em algumas áreas, a água alcançou mais de um metro.
Mariela Reyes, de 55 anos, perdeu o telhado de sua casa, que foi destruído pelo vento. Ela lamentou a perda do pouco que possuía.
No Haiti, que não foi atingido diretamente pelo furacão, fortes chuvas causaram a morte de pelo menos 20 pessoas, incluindo 10 crianças. Além disso, 10 pessoas continuam desaparecidas, segundo Emmanuel Pierre, diretor-geral da Proteção Civil.
O furacão também provocou mortes no Panamá (três), na Jamaica (três) e na República Dominicana (uma).
O furacão Melissa, de categoria 5, foi o mais intenso a atingir terra firme em 90 anos, chegando à Jamaica em 28 de outubro com ventos de cerca de 300 km/h.
Dennis Zulu, coordenador da ONU para vários países do Caribe, destacou a destruição sem precedentes na infraestrutura, propriedades, estradas, redes de comunicação e energia. Ele afirmou que cerca de um milhão de pessoas foram afetadas, e muitas estão abrigadas em locais seguros.
O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, usou as redes sociais para incentivar a população: “Sejam fortes. Vamos reconstruir e nos reerguer”.
Dana Morris Dixon, ministra da Educação e Informação, ressaltou que os danos foram consideráveis no oeste da Jamaica, mas que a capital Kingston não sofreu impactos graves.
O auxílio internacional está começando a chegar: os Estados Unidos enviaram equipes de resgate e suprimentos essenciais, conforme informou o secretário de Estado americano, Marco Rubio.
O Reino Unido anunciou um apoio financeiro emergencial de 2,5 milhões de libras (aproximadamente 17,5 milhões de reais) para os países atingidos, segundo o Ministério britânico das Relações Exteriores.
O rei Charles III declarou que o furacão Melissa nos lembra da urgência em preservar o equilíbrio da natureza.
Simon Stiell, secretário executivo da ONU para mudanças climáticas, ressaltou que cada desastre climático reforça a importância de limitar o aquecimento global causado pela queima de combustíveis fósseis e que a conferência climática COP30, que ocorrerá em breve no Brasil, será fundamental para esse debate.
O aumento da temperatura dos oceanos tem aumentado a frequência e intensidade de furacões, ciclones e tufões, com ventos e chuvas mais fortes. Contudo, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) aponta que essa tendência não significa um aumento no número total de ciclones registrados.
