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sábado, 02/08/2025

França envia ajuda aérea com 40 toneladas de comida para Gaza

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Jean-Noël Barrot, ministro das Relações Exteriores da França, anunciou na sexta-feira (1º/7) que o país iniciou o envio de 40 toneladas de assistência humanitária por via aérea à Faixa de Gaza. Essa prática, adotada recentemente por diversos países para combater a crise alimentar no território palestino, enfrenta críticas de várias ONGs que consideram o método arriscado para a população local.

Barrot divulgou que serão realizados quatro voos, cada um transportando 10 toneladas de suprimentos desde a Jordânia. Ele ressaltou que essa ajuda imediata é insuficiente, destacando que apenas na primeira metade de julho, mais de 5 mil crianças com menos de cinco anos foram hospitalizadas por desnutrição grave e 63 perderam a vida devido à fome.

Na última terça-feira (29/7), o Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC) alertou para a situação crítica de fome em Gaza, pedindo ações urgentes para evitar uma catástrofe. As autoridades locais, sob controle do grupo Hamas, relatam um aumento no número de óbitos causados pela desnutrição, enquanto Israel nega envolvimento em políticas genocidas.

Método controverso

Em 2024, a Jordânia, os Emirados Árabes Unidos e o Egito foram pioneiros nos lançamentos aéreos de alimentos para Gaza, com outros países, como França e Alemanha, se juntando ao método recentemente. Estas operações são rigorosamente monitoradas por Israel, embora organizações humanitárias considerem o método caro, impreciso e perigoso, pois cargas podem cair no mar, ferir pessoas ou causar tumultos por aglomerações no solo.

O Ministério das Forças Armadas da França reconhece os riscos envolvidos, mas aponta que essa é a única alternativa disponível atualmente.

O governo francês informou que possui 50 toneladas de suprimentos aguardando autorização israelense para entrar em Gaza. Além disso, o ministro Barrot declarou que é essencial a reabertura dos acessos terrestres por Israel para aliviar o sofrimento da população.

Críticas das organizações humanitárias

Jean-Raphaël Poitou, porta-voz da ONG Ação Contra a Fome para o Oriente Médio, considera o lançamento aéreo uma manobra mais de imagem do que uma solução efetiva. Ele alerta que é impossível controlar onde as caixas irão cair, com risco de ferir civis, danificar barracas ou até acabar no mar, forçando as pessoas a nadar para alcançá-las — situação perigosa para quem não sabe nadar.

Além disso, quem consegue obter a ajuda normalmente são aqueles em melhores condições físicas, excluindo mulheres, idosos, órfãos e pessoas com deficiência. Essa preocupação é compartilhada pela porta-voz do Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Vanessa Huguenin, que enfatiza que tal método deve ser usado apenas como último recurso.

As ONGs defendem que a melhor forma de envio é por via terrestre, com caminhões, que proporcionam maior controle e segurança, sendo necessária uma decisão para implementar um cessar-fogo e permitir essa alternativa.

Mortes durante distribuição de ajuda

De acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos, mais de 1.370 pessoas morreram desde 27 de maio durante a entrega de ajuda humanitária, a maioria por disparos das forças israelenses. Entre essas vítimas, 859 casos ocorreram próximos à Fundação Humanitária de Gaza, local administrado por Israel e pelos EUA, conhecido por operações caóticas que resultaram em tumultos e tragédias. Outros 514 civis morreram ao longo das rotas de transporte de alimentos.

A maioria das vítimas parece ser composta por homens jovens e meninos, e, segundo o escritório da ONU, não há evidências de que tais pessoas estivessem envolvidas diretamente em hostilidades ou representassem ameaça às forças de segurança israelenses.

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