O governo federal está organizando um acordo com o Ministério da Defesa para que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica façam compras emergenciais de alimentos produzidos por agricultores familiares, ajudando a reduzir os efeitos do aumento das tarifas imposto pelos Estados Unidos.
A ideia é utilizar o poder de compra das Forças Armadas para atender as necessidades internas das tropas, focando em alimentos produzidos por cooperativas. Atualmente, há cerca de 350 mil militares ativos no Brasil. O plano envolve a criação de “chamadas públicas especiais”, que são editais simplificados para a compra desses alimentos.
Num primeiro momento, os produtos envolvidos são castanha-de-caju, castanha-do-pará e mel. Além disso, também estão incluídos laranja e suco de laranja, devido à grande produção no Rio Grande do Sul, Piauí e Bahia, mesmo que essas exportações não tenham sido afetadas pela tarifa de 50%.
Segundo informações obtidas, houve uma reunião recente entre membros do Ministério da Defesa e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar para tratar sobre o impacto da tarifa de 50% aplicada aos alimentos brasileiros pelos Estados Unidos.
Atualmente, as Forças Armadas compram alimentos por meio de licitações tradicionais. As “chamadas públicas especiais” usarão editais simplificados para divulgar o que e quanto será comprado. Agricultores familiares, por meio de cooperativas ou associações, poderão enviar suas propostas. A seleção levará em conta o preço, a origem do alimento e a inclusão social.
O processo do acordo está em andamento e a previsão é que seja concluído em cerca de um mês.
O ministro do MDA, Paulo Teixeira, confirmou o plano e mencionou que as tarifas podem ser negociadas após a confirmação de uma reunião entre o presidente dos Estados Unidos e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Depois da notícia de que os Estados Unidos finalmente aceitam abrir uma negociação, esperamos que as tarifas caiam pela via diplomática. Mas enquanto isso o governo do presidente Lula trabalha em conjunto para evitar que nossos produtores tenham prejuízos”, afirmou Teixeira.
Além dessa ação, outra medida já está em vigor por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que compra e vende alimentos para manter os estoques públicos equilibrados e controlar os preços.
No fim de agosto, o governo autorizou compras emergenciais para formar estoques, permitindo que a Conab compre parte da produção de cooperativas que perderam mercado, garantindo renda aos agricultores. O valor negociado pode chegar a R$ 1,5 milhão por ano por organização, com limite de até R$ 15 mil por família agricultora.
A atuação da Conab é diferente da compra feita diretamente pelas Forças Armadas, pois a estatal atua como um amortecedor de crise, adquirindo produtos como castanhas e mel para armazenar até que possam ser vendidos no mercado interno ou doados.
Na Assembleia-Geral das Nações Unidas, o presidente Luis Inácio Lula da Silva criticou o aumento das tarifas imposto pelos Estados Unidos, sem mencionar o nome do presidente americano.
Apesar das tensões causadas pelo apoio dos EUA ao ex-presidente Jair Bolsonaro, houve uma breve e amistosa interação entre os presidentes dos dois países.
Este movimento ocorre em meio às sanções americanas e ao aumento das tarifas contra o Brasil. Após as declarações do presidente brasileiro, os mercados reagiram positivamente, com o real se valorizando em relação ao dólar e o índice Bovespa atingindo uma máxima histórica.