JULIA CHAIB
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)
O Fundo Monetário Internacional (FMI) atualizou suas projeções e agora acredita que a economia do Brasil terá um crescimento maior do que o previsto inicialmente para o ano de 2025.
No entanto, para 2026, a previsão indica uma desaceleração econômica, principalmente por causa das tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em abril, o FMI estimava que o PIB brasileiro cresceria 2% em 2025, o que já era uma redução de 0,2 ponto percentual em relação à previsão anterior. Com as novas estimativas, a expectativa subiu para 2,4% de crescimento em 2025.
Para 2026, a estimativa caiu para 1,9%, uma revisão negativa em relação à expectativa de abril, que era de 2%. Já em julho, o FMI havia sinalizado essa revisão para baixo.
Esses números mostram que o impacto das tarifas aplicadas pelo governo americano foi menos severo do que o inicialmente esperado.
De forma geral, os países da América Latina viram suas projeções de crescimento aumentarem. Segundo o relatório, isso se deve a tarifas mais baixas para a maioria da região e a dados econômicos melhores do que o esperado.
O crescimento revisado para cima foi puxado principalmente pelo México, com expectativa de alta de 1,0% em 2025, que representa um aumento de 1,3 ponto percentual em relação à previsão de abril. Para o Brasil, a previsão para 2025 foi elevada, mas a de 2026 caiu, em parte devido ao aumento das tarifas sobre os produtos brasileiros exportados para os EUA.
O FMI também destaca que as economias emergentes devem ter resultados melhores do que o previsto no início do ano, graças à produção agrícola recorde no Brasil, à forte expansão do setor de serviços na Índia e à demanda interna robusta na Turquia. A China é uma exceção a essa melhoria.
O relatório destaca, porém, que o cenário econômico mundial está se tornando mais difícil, e que no Brasil já há sinais de que o crescimento interno está diminuindo, em parte por causa das políticas monetárias e fiscais mais rigorosas.
De modo geral, o FMI prevê uma desaceleração na economia global de 3,3% em 2024 para 3,2% em 2025.
Os dados indicam que o impacto das tarifas impostas pelos EUA foi menor do que o esperado no começo do ano, graças a acordos comerciais que reduziram as sobretaxas inicialmente anunciadas.
Segundo o relatório, as projeções demonstram que as mudanças nas políticas tiveram um grande, mas não massivo, impacto sobre as perspectivas econômicas.
A atividade econômica mostrou resistência maior do que se esperava, e a inflação respondeu de forma moderada, o que se deve, em parte, ao fato de o choque tarifário ter sido menor do que o previsto, além de outros fatores que ofereceram um alívio temporário, mas não mudanças fundamentais nos indicadores econômicos.
O FMI alerta que as incertezas ainda são altas, especialmente porque as tarifas dos EUA chegaram a níveis não vistos em mais de um século, variando entre 10% e 20% para a maioria dos países.
A incerteza sobre a política comercial continua, já que não há acordos claros e duradouros entre os parceiros comerciais, e a atenção agora se volta do nível das tarifas para seu impacto nos preços, investimentos e consumo.
Nos Estados Unidos, as tarifas ainda não causaram aumentos significativos nos preços locais. A inflação geral subiu pouco e a inflação subjacente, que reflete os preços de bens essenciais, também aumentou levemente. Isso pode ser explicado pelo atraso do impacto das tarifas devido a pausas e acordos firmados.
O FMI ressalta que os dados podem ocultar variações nos preços de importação, e que a falta da redução dos preços indica que os exportadores não reduziram seus preços para absorver as tarifas, deixando consumidores e empresas dos EUA arcando com os custos extras.
Finalmente, o FMI projeta que a política fiscal na maioria dos países continuará frouxa. Para estabilizar a dívida em relação ao PIB no nível de 2024, será necessária uma consolidação fiscal significativa na maioria das nações. Caso contrário, os índices de endividamento tendem a crescer, em alguns casos, como no Brasil, China, França e Estados Unidos, de forma considerável.