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quinta-feira, 21/11/2024
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Florianópolis completa um mês sem mortes por coronavírus

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Segundo a Prefeitura, fatores como maior testagem, acompanhamento básico de saúde e transporte público paralisado ajudaram a conter os casos na cidade

Florianópolis: a cidade tem até agora sete mortes pela covid-19 e nenhum registro de vítimas desde 4 de maio (Leonardo Sousa/Prefeitura de Florianópolis/Divulgação)

A cidade de Florianópolis entra nesta quinta-feira, 4, em um período de um mês sem novos registros de mortes pela covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

O último óbito registrado na capital catarinense aconteceu em 4 de maio. São 30 dias completos sem novos registros até as informações divulgadas nesta quarta-feira, 3.

Ao todo, foram registradas oficialmente sete mortes e 710 casos do novo coronavírus em Florianópolis. A capital de Santa Catarina também deixou de ser a cidade do estado com maior número de casos, e hoje está atrás de Concórdia (955) e Chapecó (944).

Com população na casa dos 500.000 habitantes, a capital catarinense conseguiu ter menos vítimas da covid-19 do que vizinhos como Porto Alegre (RS), que registra 37 mortes. No período em que Florianópolis ficou sem registrar óbitos, Porto Alegre teve 19 mortes. A outra vizinha, Curitiba (PR), tem 53 mortes até agora.

Uma das medidas adotadas por Florianópolis e elogiada por infectologistas foi a paralisação do transporte público. O transporte está parado desde 19 de março e só deve voltar em 17 de junho, com capacidade reduzida dentro dos veículos. O comércio na cidade já foi retomado parcialmente no começo de abril, mas o transporte não acompanhou a volta.

Segundo a Prefeitura, todos os casos suspeitos também vêm sendo testados, mesmo os assintomáticos, em uma campanha que incluiu mais de 30.000 testes em locais como aeroportos e pontos de drive-thru. Pessoas com resultado positivo e que não conseguem ficar em isolamento vêm recebendo auxílio para ficar em pousadas ou hotéis. Mais de 44.000 atendimentos à distância também foram feitos com um aplicativo lançado na pandemia, o “Alô, Saúde”.

No Twitter, o prefeito Gean Loureiro (DEM) disse que a taxa de mortalidade na cidade está em 0,8%, a menor entre as capitais. No Brasil, a média é de 5,6%, segundo o boletim de quarta-feira, 3, do Ministério da Saúde. O país tem mais de 584.000 casos e 32.548 mortes por covid-19.

O prefeito afirma ainda que o isolamento desde cedo da cidade ajudou a reduzir a disseminação da doença. Florianópolis entrou em quarentena em 13 de março, enquanto a maior parte das cidades brasileiras começou o isolamento só no fim daquele mês.

Ainda segundo os dados da Prefeitura, o índice de transmissibilidade (R) na cidade está entre 0,8 e 1,2, com média de 1 – isto é, uma pessoa infectada transmite para, em média, uma pessoa. A taxa abaixo de 1 indica que a doença está controlada. Loureiro disse ainda que é importante o uso de máscaras para evitar uma alta no contágio.

O índice de transmissibilidade chegou a ser de quatro pessoas em cidades como São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil. Hoje, a taxa também está em 1,1 na capital paulista, segundo a Prefeitura da cidade.

A Secretaria de Saúde do município afirmou em entrevistas sobre a situação da cidade que, além do atendimento precoce aos pacientes, a redução do número de mortes decorre, sobretudo, de uma menor taxa de contágio e redução no número de novos casos.

“Florianópolis nao fez nada de extraordinário. Apenas estudou o que estava acontecendo no mundo, leu os artigos, pesquisou com profissionais de outros países. Não esperamos levar choque pra começar o isolamento”, escreveu Loureiro em seu perfil.

Os desafios de dados no Brasil

Apesar do registro baixo de casos e do maior número de testes feitos em Florianópolis, o Brasil todo pode estar vivendo um quadro de subnotificação dos registros da covid-19.

Números do Our World in Data com base em dados oficiais dos países mostram que o Brasil faz cerca de 0,49 teste por caso confirmado, sendo o país que menos testa no mundo dentre os lugares com dados disponíveis — uma série de países da África e alguns da América Latina não aparecem na amostra.

O Brasil faz menos testes por caso confirmado do que todos os vizinhos da América do Sul com números disponíveis, como Bolívia (1,95 teste por caso), Chile (3,7), Argentina (6,43) ou Paraguai (45,7).

A primeira das três fases de um estudo da Universidade Federal de Pelotas financiado pelo Ministério da Saúde, que vem tentando coletar amostras em centenas de municípios brasileiros, indica que o Brasil pode ter sete vezes mais casos de coronavírus do que os registrados (a segunda fase do estudo começa hoje).

Um estudo da Funcional Health Tech, que analisa dados de planos de saúde, mostra que o pico da pandemia no Brasil pode acontecer no começo de julho e o país pode chegar a 1,7 milhão de casos.

Mesmo com uma potencial subnotificação, o Brasil já é o segundo país com mais casos de coronavírus no mundo, atrás somente dos Estados Unidos, que registra 1,8 milhão de casos. Em número de mortes, é o quarto país, atrás de Itália, Reino Unido e Estados Unidos, que também é o país com mais vítimas confirmadas (mais de 107.000).

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