Flávio Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro chegaram a São Salvador, capital de El Salvador, na segunda-feira (17/11) para tratar de temas relacionados à segurança pública. O senador e o deputado federal aguardavam uma reunião com o presidente do país, o líder conservador Nayib Bukele, que ainda não confirmou compromisso oficial com os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No dia seguinte (18/11), os irmãos participaram de um encontro com o ministro da Segurança de El Salvador, Gustavo Villatoro, que está à frente da pasta desde 2021 e tem recebido parlamentares brasileiros recentemente, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que esteve no país na semana passada.
Eduardo Bolsonaro relatou que o ministro detalhou “como El Salvador saiu da condição de país com maior índice de violência no mundo para se tornar o mais seguro das Américas”.
Eduardo, atualmente vivendo nos Estados Unidos em autoexílio desde fevereiro, afirmou que o sucesso de Bukele repousa em três fundamentos: “Autoridade e firmeza para romper com estruturas que beneficiavam o crime organizado, leis rigorosas contra facções criminosas e uma ação intensiva com controle territorial absoluto”.
Eduardo destacou que leva esse aprendizado para o Brasil, acreditando ser possível superar o domínio das gangues com vontade política, determinação e legislação eficaz.
O senador Flávio Bolsonaro viajou oficialmente como presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado, justificando a missão como um estudo das estratégias para combater a criminalidade. Em suas redes sociais, compartilhou um vídeo do encontro com o ministro Villatoro, destacando que a experiência salvadorenha mostra que a criminalidade pode ser vencida e que o Brasil tem potencial para isso.
Modelo de combate ao crime de Bukele
Desde o início de seu governo em 2019, Nayib Bukele adotou uma abordagem radical contra o crime, baseada em detenções em larga escala, estado de emergência contínuo e vigilância militar intensa.
Mais de 75 mil pessoas foram presas sob suspeita de ligação com gangues, em muitos casos sem provas concretas ou direito à defesa adequada, e o país construiu o CECOT (Centro de Confinamento do Terrorismo), uma prisão gigante com capacidade para 40 mil internos, onde visitas e comunicação externa são proibidas.
Esse modelo gerou uma queda drástica na taxa de homicídios, atingindo 1,9 por 100 mil habitantes, o menor índice nas Américas. Bukele se apresenta como um vencedor da luta contra as gangues, desafiando críticas internacionais relativas a violações de direitos humanos e falta de garantias processuais.
Organizações como Human Rights Watch e Anistia Internacional denunciam abusos como tortura, prisões arbitrárias e mortes em custódia. Mesmo assim, o modelo se difunde em outros países da América Latina.
Países como Equador, Honduras, Argentina, Peru e Guatemala já implementaram ou estudam medidas inspiradas nesse sistema. No Equador, o presidente Daniel Noboa lançou ações semelhantes, incluindo prisões em massa e toque de recolher. Honduras autorizou a criação de um presídio para 20 mil detentos. Na Argentina, a ministra Patricia Bullrich manifestou apoio a políticas do tipo.
