Pesquisadores da Fiocruz descobriram que uma nanopartícula de óxido de ferro pode frear o avanço do câncer de mama. Testes em animais mostraram que a substância bloqueou a multiplicação das células tumorais e evitou que o câncer se espalhasse para tecidos saudáveis.
Os resultados foram divulgados na revista Cancer Nanotechnology em maio. Carlos Eduardo Calzavara, líder do estudo na Fiocruz Minas, destacou: “As nanopartículas impedem que o câncer se espalhe e não prejudicam o corpo”.
A pesquisa indica que a nanopartícula pode ser um tratamento complementar para o câncer, mas ainda são necessários testes em humanos.
Como funciona
A pesquisa utilizou camundongos com câncer de mama divididos em dois grupos. Um recebeu tratamento padrão, outro recebeu o tratamento com nanopartículas além do padrão.
Os camundongos tratados com nanopartículas apresentaram mais células NK, que atacam células doentes, e redução de neutrófilos, ligados à progressão da doença. As nanopartículas ativam o sistema imunológico e fazem com que ele combata o tumor.
Redução de metástases
Nos animais tratados, houve queda na molécula MCP-1, que está associada à formação de metástases. Isso resultou em menos focos de câncer nos pulmões. O fígado também apresentou poucas células tumorais em ambos os grupos tratados, sugerindo que a nanopartícula limita o espalhamento do câncer.
Reprogramação das células do sistema imune
Um estudo anterior, de 2023, mostrou que as nanopartículas mudam macrófagos do tipo M2 (que ajudam o tumor) para M1 (que combatem o câncer). Essa mudança diminuiu em cerca de 50% o tamanho dos tumores nos testes.
Próximos passos
O câncer de mama é uma doença grave e muitas vezes resistente aos tratamentos atuais. A descoberta pode ajudar especialmente quem não responde aos métodos tradicionais. Agora, a nanopartícula passará por testes pré-clínicos para avaliar segurança, dosagem e metabolização antes de ser testada em humanos. Esse processo é longo, mas representa um avanço importante na luta contra o câncer.