Esse montante será atingido com a entrega de um lote de 5 milhões de doses do imunizante na sexta-feira e de mais 6,7 milhões de doses da vacina na semana que vem
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estima encerrar o mês de abril, na próxima semana, com um total de 26,6 milhões de doses da vacina contra covid-19 da AstraZeneca com a Universidade de Oxford entregues ao Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde, disse nesta quinta-feira o diretor de Biomanguinhos, Maurício Zuma.
Segundo ele, esse montante será atingido com a entrega de um lote de 5 milhões de doses do imunizante na sexta-feira e de mais 6,7 milhões de doses da vacina na semana que vem.
“Esse é o cronograma estimado. O cronograma é negociado e confirmado com o PNI para dizer se vamos conseguir ou não a cada semana… às vezes a gente consegue até antecipar”, disse Zuma em evento com jornalistas nesta quinta.
A Fiocruz também estuda formas de enfrentar uma paralisação na produção, e consequentemente nas entregas, entre agosto e setembro, período em que se encerrará o envase com insumo farmacêutico ativo (IFA) importado e começará a produção integral da vacina no Brasil, com insumos feitos localmente.
Uma das alternativas é ampliar o intervalo de aplicação entre as duas doses da vacina, atualmente de três meses. Uma definição sobre isso, no entanto, caberá ao PNI.
“Pode se valer adicionalmente dessa característica da vacina, que já dá uma proteção com primeira dose. Não vai ter o risco de perder a vacinação, porque ela se mantém até hoje por três meses, mas é possível que isso se estenda. Estudos adicionais podem mostrar mais que isso”, afirmou o vice-presidente de produção da Fiocruz, Marco Krieger, no mesmo evento.
Outras alternativas em análise são a importação de mais IFA ou até de doses prontas para serem entregues neste período de paralisação.
ENTREGAS FUTURAS
A Fiocruz já atrasou algumas vezes seu cronograma de entrega de vacinas contra a Covid-19 ao PNI, e apontou atrasos na chegada do IFA da vacina, importado da China, e a complexidade do processo de produção e controle de qualidade como responsáveis pelos atrasos.
Até o momento, 14,9 milhões de doses da vacina da AstraZeneca foram entregues pela Fiocruz ao PNI, sendo 4 milhões de doses importadas prontas da Índia e o restante envasado no Brasil pela Fiocruz.
Como base de comparação, o Instituto Butantan entregou 41,4 milhões de doses da CoronaVac, vacina do laboratório chinês Sinovac, ao PNI, sendo 6 milhões delas importadas prontas da China.
CoronaVac e AstraZeneca são, até o momento, as únicas vacinas contra Covid-19 sendo aplicadas no Brasil. O governo federal tem acordos para compra de doses das vacinas da Pfizer e da Johnson & Johnson, que já têm o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para serem aplicadas no Brasil, mas as entregas ainda não começaram.
Na quarta-feira, em entrevista coletiva em Brasília, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, adiou em quatro meses, para setembro, a conclusão da vacinação contra Covid-19 dos grupos prioritários.
A Fiocruz tem capacidade de produção de 900 mil doses diárias da vacina e tem a expectativa de ampliar esse montante para superar a marca de 1 milhão de doses diárias.
O cronograma mais atualizado aponta para a entrega de 21,5 milhões de doses em maio e de 34,2 milhões em junho, com a entrada em operação de um terceira linha de produção. Em julho, a estimava é fornecer ao PNI 22,1 milhões de doses do imunizante.
“Em junho, estamos trabalhando em nova linha de envasamento e esperamos operar 3 linhas e poder entregar mais vacinas”, disse Zuma.
Uma nova carga de IFA chegará ao Brasil no sábado, a oitava desde o mês de fevereiro. Ao todo, a fundação receberá um total de 14 remessas do insumo, de acordo com compromisso firmado com a AstraZeneca.
“Já recebemos até a remessa sete quase 39 milhões de doses”, disse Zuma. “Temos entregas garantidas até a primeira semana de junho”, assegurou.
O compromisso da Fiocruz é destinar ao PNI 104,4 milhões de doses da vacina até julho e outras 110 milhões na segunda metade do ano já com IFA nacional.