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segunda-feira, 03/11/2025




Finados atrai muitos visitantes e movimenta comércio nos cemitérios do DF

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Em Brasília

O Distrito Federal recebeu uma grande quantidade de visitantes em seus seis cemitérios durante o Dia de Finados. A estimativa é que aproximadamente 600 mil pessoas tenham passado pelos locais durante o feriado. O principal cemitério, o Campo da Esperança, localizado na Asa Sul, recebeu um grande número de visitantes desde cedo, em um ambiente de respeito e emoção.

Famílias, amigos e visitantes individuais foram aos túmulos para prestar homenagens, colocar flores, acender velas e fazer orações. O movimento foi intenso dentro e fora do cemitério, mas o trânsito nas vias de acesso foi tranquilo, sem congestionamentos.

Ato de Respeito e Lembrança

A visita aos entes queridos falecidos é uma forma de manter a memória viva para muitos moradores de Brasília. Fernando Ferreira, 51 anos, do Recanto das Emas, mantém o costume de visitar os túmulos de sua família. “Quando posso, venho. Acho importante manter o túmulo limpo, pois a pessoa partiu, mas não será esquecida. É uma demonstração de respeito”, disse ele, enquanto levava flores ao Campo da Esperança.

Ele, que é umbandista, explicou o significado de sua guia no pescoço: “Sou umbandista, e a guia é um amuleto de proteção. Há muitas almas aqui, algumas benfeitórias e outras que ainda precisam de luz. Por isso, venho preparado espiritualmente”, completou, ressaltando que cuidar dos túmulos é um gesto de respeito e continuidade do vínculo com os antepassados.

Fernando visitou os túmulos de um tio, uma tia e um irmão e lamentou encontrar algumas sepulturas vandalizadas e abandonadas. “Muitas sepulturas estão destruídas e sem cuidado. Manter a limpeza é uma forma de reverência aos que já partiram”, comentou.

Ir ao cemitério também é um momento de reflexão e busca por paz. Ricardo Sanchez, 46 anos, morador do Guará, visitava os túmulos da mãe e da irmã e disse: “Venho sempre. Quando tenho algum problema ou preciso de paz, fico alguns minutos sentado aqui. É um tempo de silêncio e reflexão”. Ele elogiou a facilidade de acesso ao local: “Foi fácil chegar, não havia engarrafamentos. Vi uma ou duas viaturas, mas tudo estava calmo.”

Ricardo também notou a diferença nos preços das flores vendidas perto do cemitério. “As flores que costumam custar R$ 10 a R$ 20 estão R$ 40 no mercado próximo. Já o pacote de fósforos, que custa R$ 9 no supermercado, é vendido por R$ 1 nas barracas ao redor. Isso mostra como o comércio local se adapta ao movimento do dia”, observou.

No Campo da Esperança, o padre Raimundo, assessor da Paróquia da Esperança, acompanhou as celebrações religiosas intensas. Centenas de fiéis participaram das missas em homenagem aos entes queridos distribuídas nos seis cemitérios da Arquidiocese de Brasília. O padre explicou que na maioria dos cemitérios há sete missas, enquanto em Brazlândia, por exemplo, são cinco. As celebrações continuaram até as 17 horas.

A missa do meio-dia, uma das principais, foi presidida pelo cardeal Dom Paulo César, arcebispo de Brasília, e transmitida nacionalmente pela TV Canção Nova. O padre Raimundo ressaltou o significado religioso da data: “Estar presente na Eucaristia é estar com Cristo, que nos incentiva a buscar a vida eterna. Rezar pelos entes queridos é pedir que eles encontrem o Reino dos Céus”. Ele lembrou que os fiéis podem obter indulgências plenárias ao estarem em estado de graça e realizarem as orações indicadas: “É fundamental vir com o coração aberto, confessar-se, rezar diante de um túmulo, fazer um Pai-Nosso e três Ave-Marias. Isso garante uma grande graça para aqueles que já partiram”.

Comércio

Nas imediações do cemitério, o Dia de Finados é a data com maior receita para o comércio local. A florista Poliana Rezende, 38 anos, que administra uma barraca com o marido, Eduardo Domingos, confirmou o impacto nas vendas.

“Finados é sempre aguardado. É o dia em que vendemos quase o dobro dos outros meses do ano”, contou a moradora do Paranoá. Durante o mês, a média de compra de vasos de flores é entre 60 e 80, mas para o Dia de Finados esse número sobe para 300 a 350, vendidos em três a quatro dias.

Para garantir a transparência, a Secretaria de Justiça e Cidadania do DF (Sejus-DF) montou uma tenda para atender e informar a população. A subsecretária de Assuntos Funerários, Gilce Santana, explicou que a ação visa orientar sobre procedimentos, divulgar informações e esclarecer direitos, já que a Sejus fiscaliza funerárias e cemitérios.

No local, foram distribuídas cartilhas com respostas para dúvidas frequentes e uma tabela oficial de preços, para evitar abusos. A tenda também ofereceu ouvidoria e apoio psicossocial para visitantes em luto. “É um momento delicado e contar com alguém preparado para ouvir e confortar faz muita diferença para quem vem prestar homenagem”, concluiu Gilce Santana.




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