Antes de ser detido por abandonar sua mãe idosa, Cláudio de Souza Cavalcante, 54 anos, mostrou surpresa ao encontrá-la acompanhada por policiais militares do 1° BPM (Asa Sul).
Em um vídeo obtido pela coluna Na Mira, ele exclama: “Ué, você desceu?” e logo depois cobre o nariz com a blusa, possivelmente pelo forte odor presente na residência onde a mãe vivia em condições insalubres.
A casa estava tomada por fezes, sangue no chão, cheiro forte de urina, lixo acumulado e falta total de alimentos e remédios. A geladeira estava vazia.
Detalhes do caso
O homem foi preso na terça-feira (29/7), em seu apartamento na Asa Sul. A senhora de 75 anos foi encontrada em grave estado de abandono.
Diagnosticada com Alzheimer em estágio avançado, a idosa apresentava um corte profundo no pé e andava desorientada pela rua quando foi localizada pela polícia militar.
No imóvel, foram encontrados mais de R$ 100 mil em dinheiro guardados em envelopes no quarto do suspeito.
Cláudio já havia sido denunciado por maus-tratos contra sua avó, mãe da idosa, que faleceu em maio aos 99 anos.
De acordo com as investigações, o dinheiro guardado seria parte da herança deixada pela avó.
Apesar do valor, a idosa vivia sem alimentação adequada, remédios e sem condições básicas de higiene.
Ela foi encontrada ferida, desorientada e com sinais evidentes de negligência, como unhas compridas e roupas sujas.
Chorando, a senhora foi levada para um lugar onde receberia cuidados adequados.
A prisão
Durante a prisão, o filho manteve uma postura distante ao se deparar com a mãe machucada no apartamento. Ele admitiu que costumava manter a mãe trancada em casa e que, mesmo ciente dos ferimentos, escolheu não buscar ajuda médica.
Cláudio foi levado à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).
Ele foi acusado de omissão de socorro, abandono, apropriação de bens de idosa, exposição a perigo e maus-tratos, crimes que podem resultar em até 13 anos e 6 meses de prisão.
As acusações são agravadas por terem ocorrido em contexto de violência doméstica, conforme previsto na Lei Maria da Penha.