Ana Corina Sosa, filha da opositora venezuelana María Corina Machado, recebeu nesta quarta-feira (10/12) o Prêmio Nobel da Paz em nome de sua mãe, que não pôde participar da cerimônia em Oslo, Noruega.
O Comitê do Nobel explicou que María Corina não conseguiu chegar a tempo devido a dificuldades para se deslocar até o país escandinavo. Perseguida pelo governo venezuelano e vivendo oculta, sua viagem é considerada uma situação de extremo risco.
“A laureada com o Prêmio Nobel da Paz, María Corina Machado, fez todo o possível para estar presente hoje. É uma viagem em condição de extremo perigo. Apesar de não ter conseguido participar da cerimônia e dos eventos, estamos felizes em confirmar que ela está bem e estará conosco em Oslo”, declarou o Comitê do Nobel.
Com 58 anos, María Corina está afastada da vida pública há 11 meses, desde que participou de um protesto em Caracas, e vive escondida desde agosto de 2024. Um grupo de venezuelanos exilados, além de presidentes e líderes conservadores sul-americanos críticos ao governo de Nicolás Maduro, viajou para a capital norueguesa para prestar apoio.
Durante a cerimônia, Ana Corina leu o discurso preparado por sua mãe. Na mensagem, expressou profunda gratidão ao Comitê Nobel pela homenagem de importância global, além de agradecer a sua família e ao povo venezuelano pela inspiração na luta por verdade, liberdade, democracia e paz.
“Estou aqui representando minha mãe, María Corina Machado, que se uniu a milhões de venezuelanos em um esforço extraordinário celebrado hoje com o Prêmio Nobel da Paz. Embora não possa estar presente, posso dizer que ela jamais quebra uma promessa. Logo poderemos abraçá-la aqui em Oslo, após 16 meses vivendo na clandestinidade”, afirmou a filha.
O Comitê Norueguês justificou que o prêmio simboliza um momento crucial em que a democracia na Venezuela está sob ameaça, e reforçou a importância de defender os princípios do governo popular mesmo diante da discordância.
A distinção internacional serve para evidenciar a situação enfrentada por María Corina no regime de Nicolás Maduro, destacando seu empenho na promoção dos direitos democráticos por meio de uma transição justa e pacífica.
Cerimônia destaca críticas ao governo de Maduro
O presidente do Comitê Nobel da Noruega, Jørgen Watne Frydnes, fez críticas contundentes ao mandatário venezuelano. Ele reafirmou a rejeição ao processo eleitoral e pediu que Maduro renuncie e permita uma transição pacífica para a democracia.
“Senhor Maduro: aceite os resultados eleitorais e renuncie ao cargo. Sente-se para negociar uma transição pacífica, pois é a vontade do povo venezuelano. María Corina Machado e a oposição venezuelana lançaram uma mensagem que ninguém pode apagar com tortura, mentiras ou medo”, afirmou.
O Instituto Nobel havia confirmado que María Corina participaria da cerimônia que inclui a entrega da medalha de ouro, diploma e o valor em dinheiro. Entretanto, após cancelar uma entrevista previamente marcada, o órgão anunciou seu cancelamento definitivo. Ainda assim, a organização pretende encontrá-la assim que a líder opositora chegar a Oslo.

